De
lá de 27 de maio, uma das primeiras cartas trocadas entre os artistas da
Leste 2.
Primeiros
escritos: do
reencontro ou do primeiro encontro com o material norteador, com os
equipamentos, com os vocacionados, com a rede de coordenadores, gestores,
professores, com as ruas, becos, terminais, ...
Reencontrar
todas as segundas pela manhã no CEU Sapopemba a perplexidade de
artistas-orientadores que espiam para fora do ônibus no caminho até os
equipamentos.
Grades
de ferro separam os andares de escolas estaduais cuja chave fica em poder de um
funcionário que controla cada andar, os alunos ficam presos dentro destes
andares, as portas de ferro também separam alunos e funcionários, alunos e
professores, alunos e diretores, artistas-orientadores e a escola.
A
peça montada por um grupo de vocacionados parece reforçar todos os preconceitos
de uma sociedade
machista e desigual.
Queremos seguir o processo com os vocacionados (novamente), mas o primeiro ano de
mandato com todas as suas transições demoradas e apertos orçamentários
dificultam as ações.
A
copa de 2014 parece acirrar as aberrações nos locais que serão vistos pelo
estrangeiro e também naqueles que serão escondidos. Caos que mistura propositalmente
exuberância, sensualidade e miséria.
Há
resistência? O funk é uma resistência ou uma alienação? É possível que seja as
duas coisas ao mesmo tempo? O engajamento evangélico é uma resistência? Vemos
expressividade dos corpos quando a fé evangélica surge. E no teatro?
__________________
O
material norteador ainda responde à revolução industrial e à alienação no
trabalho o que, infelizmente, faz-se pertinente. Como voltar a falar das
especificidades da linguagem, da artesania, sem retroceder ao autoritarismo nos
modos de produção? É possível falar em artesania no teatro contemporâneo? Faz
sentido pensar em artesania, aprofundamento técnico, no teatro contemporâneo? O
que seria isso na cena contemporânea?
____________________
É
possível, a cada nova posição das constelações, dentro dos grupos e turmas do
Vocacional, identificar:
1- O que surge na forma da cena que
é cópia de uma cultura opressora e midiática?
2- O que parecem ser elementos de
uma cultura hegemônica e opressora mas que escondem sementes de resistências?
3- É possível falar em resistência
quando não se tem consciência daquilo contra o que se resiste?
4- Quando eu, artista-orientadora,
ajo e falo como “aprisionada por condições sociais externas e impostas” sem me
dar conta?
Marina Corazza, artista-orientadora do CEU São Rafael (Leste 2)
Nenhum comentário:
Postar um comentário