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segunda-feira, 29 de julho de 2013

DUVIDAS, ANGUSTIAS E PENSAMENTO

Para a autonomeia e emancipação,  tens que ter o mínimo de conhecimento e consciência corporal, instrumentalizar o corpo é necessário para que possa se reconhecer dentro de uma linguagem ou estilo. Sendo assim, trabalhar técnicas, fundamentos, bases, e passar a historia da dança nos estilo que estais propondo não é processo?
Improvisação é qualquer coisa?
Cópia é qualquer coisa?
Por onde você anda?
Pra onde você vai?
Como você anda?

Pra mim, a dança é como o vento, que desmanchou o penteado arruadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma.
Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, no somatório de tudo , foi graça, alivio e abertura.
Não precisamos de certezas estáticas, mas sim criar e reinventar.....

"A importância do olhar antropológico para o artista educador dentro da dança."

Domingo, 07 de julho de 2013.
(Jadras Nascimento Marciano)

“A Importancia do olhar antropológico para o artista educador dentro da dança.”

      Ser professor em dias em que há informações novas a todo tempo para o aluno é assustador, e se não abrirmos nossa visão, usar o melhor dessa realidade perdemos. Cada individuo carrega uma vida e devem ser tratadas de forma individual suas necessidades, só o olhar antropologico consegue dar-nos suporte para superarmos como profissionais nossas limitações enquanto artista-educador.
      Se pensarmos da maneira que a antropologia pensa, não seremos levados a ter um ensino mecânico, de forma a não englobar tudo que o outro pode dar. O artista-educador, antes de tudo, deve sair de sua zona de conforto para atender as necessidades do aluno, toda a responsabilidade vem à tona quando se pensa que esta formando opiniões e conceitos culturais e expressões.Exemplo disto é que durante um processo criativo em que eu estava aplicando,um celular rouba a cena,ditando por um longo tempo o ritmo,quebrando meu pretencioso modo de conduzir;algo que deveria ter me deixado com raiva,me fez pensar no falso controle que temos em dado momento em que o celular com sua melodia ecoando no espaço,me tirou o controle e fluiu com a cena de uma maneira meio que surreal, na minha visão de fora;querendo estar dentro, tentando controlar o que fugia do planejado.
       A antropologia constitui um domínio do saber pedagógico atual, segundo os estudos, isso é que o profissional precisa primar, a pluralidade e diversidade. O conceito do “fazer fazendo”, é muito estimulante quando aplicado de forma correta, visando respeitar a grande diversidade que encontramos na longa caminhada, acaba que aprendemos como artista-educador aprendendo enquanto ensinamos. Esta ciência nos ajuda a entender que todos os dias há mudanças e devemos mudar também, renovar-nos a todo tempo, buscando ser aberto a tudo a nossa volta, sem deixar de ensinar e aprender. Alem de termos de ser livre de preconceitos e disposto a trabalhar com o que os alunos vivem e o que ele é em sua apredizagem. Por exemplo, a cultura, o homem vem com seu potencial a ser explorado, e muitas vezes o professor ou arte-educador tem que usar como ferramenta para aprender, para depois ensinar um caminho através da vivencia do mesmo. Dentro da dança, a antropologia abrange de forma surpreendente o lado humano, visando respeitar a diversidade de movimentos e sensações que o individual ou o coletivo de pessoas dentro de um espaço tem a mostrar. Todos querem que suas expressões sejam reconhecidas, queremos desenvolver o outro, mas para isso, precisamos nos despojar de nosso olhar analítico; difícil, pois como arte-educadores, chegamos a aula com uma bagagem de conhecimentos, sensações, aprendizado e cultura enraizada e podamos o potencial do outro em não raras vezes com uma postura de ditadura.

“HUMANO: SERES INACABADOS”

 O ponto onde se sustenta toda a dinâmica educativa é no inacabamento ou inconclusão do homem.
 (Paulo Freire, 1996).

“O HOMEM SE FAZ A CADA DIA”


O maravilhoso fato do ser humano apresentar-se como um projeto a ser desenvolvido permite que o profissional educador não seja apenas um instrutor ou domador, mas um mestre. (Gonzáles, 2005)Domingo, 07 de julho de 2013.
(Jadras Nascimento Marciano)


domingo, 28 de julho de 2013

Tema: " DIREITOS E DÚVIDAS

Direito- uma palavra de poucas letras  mas  de significado  profundo  e  de  muitas  interpretações - nunca  esteve tanto em uso  e desuso  como  nos dias atuais.
Direito  de ir e  vir, direito de libardade !

Na  intensa  experimentação  artística  da  Dança  e as  questões  relacionadas  ao  corpo  se  tornaram  um fator  de unificação  entre as artes  o ponto  de  encontro  no  trabalho  interdisciplinar que caracteriza  o período  e o momento . Nesse  contexto , artístico-pedagogico  com o Processo Coletivo da Dança  /  Danças Circulam! na Linguagem Danças Urbanas; eu AO- Jefferson Moreira nas ordem e desordem  de  repetições  das  Danças  Sociais(uns dos princípios dos estilos Jazz,Funk,Soul)  pelo no qual , já  estavam  permeáveis  não  só  influências  das Danças Urbanas  mas também nas Danças Brasileiras  ,  mas  á troca  de movimentos  corriqueiros  , contido - no cotidiano  diário  do dia - dia  de cada Vocacionado de vivências e  experimentos nas  ansiedades  de - se  expressar  dos Vocacionados  no Equipamento  CEU Vila Curuçá  descobrindo,  o que está  pergunta  pertinente  ao processo ( QUEM SOU EU ?) trouxe  reflexções  aos Encontros entre terças e quintas feiras 18h - 21h  que podendo  tonar  um caldo  bem temperado  para o Poético  e Corporal.

Consideradas  as  diferenças  históricas e o contexto político ,que  pode -se  afirmar  idéias  germinadas  em espaços  culturais , públicos  da zona leste .

Creio  como  Artísta - Orientador  , não deixamos  nunca de  perseguir  esse caos  seminal . Todos  nós  aspiramos  regressar a essa  condições  em que  estivemos  tão fora de um idioma  que  todas as  línguas  eram nossas . Dito  de outro  modo ,  todos  nós somos  impossíveis  tradudores  de sonhos. Na verdade,  os  sonhos  falam  em  nós  o que nenhuma  palavra  sabe dizer [ Couto ,Mia . E SE OBAMA FOSSE AFRICANO] São Paulo : Companhia das letras).

Tudo pode ... mas depende !



AO - JEFFERSON  MOREIRA ( Linguagem Dança Urbanas)
Equipamento - CEU Vila Curuçá Itaim Paulista /  Equipe  Leste - 4

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A utilização de meios eletrônicos, computador e softwares como um recurso a mais na orientação

ENSAIO JULHO 2013 – A.O. SEBASTIÃO BAZOTTI - VOCACIONAL MÚSICA – CENTRO CULTURAL DA PENHA

A utilização de meios eletrônicos, computador e softwares como um recurso a mais na orientação.

Uma situação comum que tenho encontrado nas minhas orientações, são pessoas com um elevado potencial musical e com certa baixa estima por não acreditarem no seu potencial. Ou então o inverso, pessoas que por algum motivo foram levadas a crer que sem ter passado por todo processo de estudo da linguagem possuem algum domínio musical sem o ter efetivamente. De forma cautelosa eu abordo esses duas situações. E um dos melhores recursos que encontrei até hoje para resolver estas questões, foi gravar o processo de aprendizado de músicas do Vocacionado cantando ou tocando. Gravações que realizo sempre com o objetivo de autocritica para o aperfeiçoamento e não para um choque entre a ilusão e a realidade. Muitos Vocacionados se surpreendem ao se ouvirem e ficam felizes por cantarem melhor do que imaginavam. Aqueles cujo desempenho não é tão bom ficam mais centrados e dedicados. Enfim, facilita a vida do Orientador, a autoconsciência das reais condições do Orientado. Utilizo gravações como um recurso didático que facilita e muito a compreensão do que estou querendo melhorar na interpretação da música. Ouvindo o que foi gravado posso apontar exatamente o que precisa ser mais estudado. Sempre levo notebook nos encontros e me utilizo do software Coll Edit Pro para gravar e analisar junto com a turma. Outra situação típica são candidatos a cantores que aprendem músicas pela tv, rádio,  discos ou internet etc. e  muitas vezes a tessitura vocal do artista que canta determinada música, é muito diferente da extensão vocal do ouvinte. Ou então uma voz feminina que tenta cantar uma música gravada com voz masculina ou o contrário. Por não ter, naturalmente dentro de uma região confortável a mesma extensão do cantor ouvido, acabam aprendendo a melodia cantando em uma tonalidade paralela à gravação. Penso que para isso acontecer o cérebro tem que ignorar totalmente a harmonia e a melodia. O problema aparece quando um dia se resolve estudar música depois de anos dessa prática em casa. Nota-se uma grande dificuldade para a pessoa cantar junto com um instrumento harmônico, ou melhor, tanto faz a existência do instrumento, pois já se acostumou a não se importar com ele. Como forma de estimular a percepção do Vocacionado para a harmonia, eu me utilizo do seguinte recurso: Primeiro deixo-o cantar em tom diferente junto com a gravação. Depois me utilizando do software “Transcribe” faço modulação da gravação para a tonalidade que ele está cantando. Peço para focar a atenção em como a voz se encaixa ou se acomoda com o resto dos instrumentos quando a música esta modulada para o seu tom.  Gravo a música com essa modulação e peço para estudar agora dentro da sua região vocal de conforto. Apesar de ocorrer uma distorção na voz original não há prejuízo da melodia e esse é um dos recursos que otimiza o aprendizado de músicas em minhas orientações. Supre-me também a ausência de uma formação voltada ao canto que não possuo. Faço aqui uma importante observação, não estimulo o cover. Cantar junto com gravações é apenas um recurso para aprender a melodia. Depois de aprendida incentivo a buscarem uma interpretação própria. Também utilizo o software Band In A Box quando preciso de algum auxilio rítmico ou harmônico. E, em muitos dos exercícios para aquecimentos vocais, me utilizo do Encore para executar vocalizes e frases que precisam ser melhores entendidas do ponto de vista melódico. Outra prática para melhorar a percepção harmônica e afinação na tonalidade são improvisações usando playbacks de base harmônica. Neste caso uso material da coleção do Jamey Aebersold, mais especificamente o volume 3 que contém a candência II V I gravada por  piano, baixo e bateria modulando por todos os tons. A seguir algumas gravações efetuadas nos encontros que ilustram as práticas descritas acima (em CD anexo ao Ensaio original)


FAIXA 01
Ensaio da música “Meu Bem Querer” de Djavan  Vocacionada Isa. Ouvindo a gravação que fizemos durante nossos encontros semanais, Isa se conscientizou do potencial que tem como interprete. À medida que ensaiávamos a música e ouvíamos ela foi ajustando a interpretação até chegar ao resultado gravado da FAIXA 01.
FAIXA 02
 Esse mesmo número da FAIXA 01 foi apresentado na primeira mostra do Musica Vocacional da equipe leste no CEU Quinta do Sol.  A performance foi gravada em vídeo e aqui vai o som extraído do vídeo. Pela falta de experiência com microfone, retorno e palco na apresentação Isa teve alguns problemas. Por nervosismo não focou o som da harmonia na introdução o que a levou a iniciar a música levemente fora do tom porém se encontrando logo em seguida. Possivelmente movida pela emoção de estar diante de uma plateia que se empolgou com sua apresentação, ela acabou se fixando em uma interpretação influenciada por seus ídolos gospel o que não ocorria tanto durante as orientações.  De um modo geral, ouvindo a gravação da faixa 01 que foi a feita na orientação e comparando com a faixa 2 feita na apresentação, percebe-se que são pequenos detalhes a se corrigir  num potencial grande. Sua performance em vídeo também é muito boa.
FAIXA 03
Música Doce de Coco. Está música foi um desafio que lancei para Sebastia. Vocacionada minha bastante dedicada desde o ano passado. Acho que exagerei na proposta por ser este Choro muito complicado melodicamente, porém serviu como estudo e aprendizado de uma melodia bastante complexa. Além de gravações originais me utilizei do software “Encore” para tentar melhorar a compreensão das notas da melodia.
FAIXA 04
Música Vento Ventania do grupo Biquini Cavadão no tom original
FAIXA 05
Música Vento Ventania do grupo Biquini Cavadão modulada para a tonalidade da turma de quinta feira através do software Transcribe.
FAIXA 06
Música Vento Ventania do grupo Biquini Cavadão interpretada pela turma de quinta feira na tonalidade mais adequada ao grupo.
FAIXA 07
Música Vento Ventania do grupo Biquini Cavadão contraste do resultado entre a modulação e interpretação da turma. Sobreposição das gravações sem preocupação com sincronismo.
FAIXA 08
Música Isto Aqui é O Que È de Ary Barroso. Pequeno trecho mostrando uma parte onde estávamos quase desistindo de estudar a música por incompreensão rítmica por parte de algumas Vocacionadas.
FAIXA 09
Música Isto Aqui é o Que É com algum progresso. Graças à gravação na aula utilizando o software Cool Edit Pro a turma pode perceber onde estava o erro rítmico na interpretação da melodia. Música ainda em processo de ensaio.
FAIXA 10
Música Tchau Preguiça de autoria da Vocacionada Maria José. Está composição tinha partes bem fora da quadratura, o que dava sempre a impressão de melodia atravessada. Como essa não era a ideia da compositora, após muitos ensaios utilizando uma base rítmica gerada pelo software Band In A Box a melodia foi se ajustando a quadratura.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Prática de conjunto - Músicas Brasileiras

Programa Vocacional - Projeto Vocacional Música
Ensaio de Pesquisa
Artista Orientador: Marcus Henrique Simon
Data: 08/07/2013


            As minhas orientações no CEU Formosa estão direcionadas principalmente à prática de conjunto de repertório de músicas brasileiras, a partir de músicas sugeridas pelos vocacionados e por mim. Trabalho também com a apreciação musical por meio da escuta de CDs trazidos pelos alunos e de exemplos musicais de áudio e vídeo que levo nas orientações. Discutimos e analisamos conjuntamente diversos aspectos musicais e estéticos, como forma musical, fórmula de compasso, instrumentação, estilo, performance, entre outros. Ouvimos músicas de estilos e artistas variados: Nirvana (rock grunge), Lelo Costa (vocacionado que compõe no estilo sertanejo/gospel), Radiohead (rock eletrônico) e Quinteto Amazonas (grupo de MPB do AO Marcus Simon). Exibi também o documentário “Hermeto Campeão”, sobre a vida e obra do músico Hermeto Pascoal. Além da escuta musical, desenvolvo dinâmicas de grupo com exercícios rítmicos, utilizando a percussão corporal e instrumentos de percussão. O intuito é trabalhar a noção de pulso e o entendimento dos ritmos em relação ao compasso e à pulsação. A improvisação e a memória rítmica também são estimuladas por meio de palmas, peito, pés, e outros timbres corporais, com ritmos simples de apenas um compasso.

            As orientações são divididas em duas turmas (manhã e tarde), e contam atualmente com aproximadamente 15 participantes no total. Os vocacionados tocam violão, baixo, guitarra, bateria, teclado e percussão, e alguns se arriscam no canto. Possuem diferentes idades e níveis musicais, porém as referências e os gostos musicais entre os mais jovens são parecidos, indo de Milton Nascimento a Capital Inicial. Alguns possuem um gosto mais refinado e um nível musical acima da média em relação aos colegas. É o caso do vocacionado Guilherme, que aprendeu a tocar no violão a música “Travessia”, de Milton Nascimento, e “Quero me encontrar”, de Cartola; e do guitarrista Vinícius, que aprendeu a tocar com o pai músicas como “Carinhoso”, de Pixinguinha, “Bachianinha nº 1”, de Paulinho Nogueira, e “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo. A presença desses alunos incentivam e estimulam os outros participantes a estudarem música e a ouvirem estes compositores.

            O encontro de gerações distintas também possibilita uma ampliação do repertório de todos numa troca de saberes. A música “Tocando em Frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira, sugerida pelo vocacionado compositor Lelo Costa, era desconhecida por alguns vocacionados adolescentes, até ser ensaiada e depois apresentada na Mostra do Vocacional no CEU Quinta do Sol e no Sarau do CEU Formosa. Esta música possibilitou a criação de um arranjo que tem como base dois ritmos do sul do Brasil e da Argentina, e que também eram novidades para os vocacionados: a chacarera e o chamamé. Estes ritmos trabalham com uma polirritmia de “3 pulsos contra 2 pulsos”, muito comum na musicalidade argentina e também africana. Em geral, a música de origem argentina, que veio a influenciar a do sul do Brasil, possui em sua estrutura rítmica acentuações que podem tanto ser entendidas como um compasso ternário simples (3 por 4) como um binário composto (6 por 8). Em espanhol é usado o termo “birritmia”, ou seja, um ritmo que pode ser escrito, executado e sentido tanto por uma determinada fórmula de compasso, quanto por outra. O que acontece na prática é que durante a música a melodia e o acompanhamento instrumental transitam entre subdivisões e acentuações binárias (3 por 4) e ternárias (6 por 8), criando um caráter ambíguo quanto à definição de métrica do compasso. O livro “Cajita de Música Argentina”[1], de Juan Falú, explica mais detalhadamente esse aspecto polirrítmico e traz informações históricas e musicais sobre os ritmos da música argentina.

            Os vocacionados puderam experimentar na prática essa polirritmia, ao acompanharem a música “Tocando em Frente”, cantada e tocada ao violão pelo vocacionado Lelo. Pedi para baterem palmas em 3 pulsos, e pés em 2 pulsos, simultaneamente, e depois invertendo, palmas em 2, pés em 3. Para todos participarem da execução da música, criei uma frase rítmica simples para ser inserida no arranjo, tocada com palmas e baquetas, somada ao acompanhamento da bateria e da percussão. 

            Pretendo continuar trabalhando com o repertório conhecido dos vocacionados, além de levar as minhas referências musicais de compositores que considero importantes da música brasileira e mundial. As orientações nesse estágio do Projeto estão muito voltadas para as apresentações nas Mostras. Os vocacionados ficam entusiasmados com o desafio de se apresentarem num palco, que é para muitos deles ainda um lugar desconfortável e, ao mesmo tempo, fascinante. No entanto, procuro conciliar aos ensaios  práticas de musicalização, apreciação musical e improvisação, além de conteúdos teóricos, que considero fundamentais para se adquirir melhor preparo e um amplo entendimento do fazer musical.

            Como uma proposta de atividade de apreciação musical, farei um mapeamento das origens étnicas de cada vocacionado, e propor uma pesquisa na qual os vocacionados poderão discutir sobre a música dos povos de seus ancestrais. Serão exibidos alguns vídeos do Youtube com músicas tradicionais do folclore brasileiro, dos povos ligados à origem familiar dos vocacionados e de outros povos do mundo, como dos Pigmeus africanos, dos músicos do gamelão de Bali, e dos monges tibetanos, por exemplo. Cito abaixo alguns objetivos que tal atividade se propõe:

            - Provocar a estranheza e a curiosidade do aluno pela música tradicional do Brasil e do mundo, a qual ele não está habituado a ouvir.

            - Proporcionar aos participantes uma experiência musical auditiva e estética, por meio do repertório e de informações sobre a cultura e a musicalidade tradicional do Brasil e de outros povos do mundo.
           
            - Ampliar o repertório musical dos alunos.

            - Instigar a curiosidade e a pesquisa por tais expressões musicais, e estabelecer relações com o repertório conhecido dos alunos.

            - Incentivar os alunos a frequentarem mais shows musicais, principalmente de artistas e grupos que buscam fazer uma música de qualidade, sem as padronizações estabelecidas pela indústria fonográfica e pela mídia de entretenimento.
           
            - Estimular a escuta e a apreciação musical.

            - Desenvolver a capacidade de discernir e identificar timbres e características de diferentes instrumentos e estilos musicais do mundo.

            - Demonstrar as diversas funções possíveis que a música possui e a sua importância nas sociedades do mundo.

-   Desenvolver a compreensão da riqueza da diversidade cultural brasileira.

            A partir dessa atividade poderei avaliar se é possível dar continuidade à pesquisa de músicas tradicionais do Brasil e do mundo e se há algum interesse dos vocacionados. Possuo um trabalho acadêmico de conclusão de curso de Licenciatura em Música intitulado “Oficina de Música Estranha - Musicalidades tradicionais do mundo: provocações para uma escuta sem preconceitos”. Este projeto apresenta uma pesquisa sobre a importância da etnomusicologia na educação e sobre diferentes expressões musicais tradicionais dos povos do mundo, além de uma série de atividades práticas relacionadas ao tema e de referências bibliográficas, de áudio e de vídeo de tais musicalidades. Planejo desenvolver algumas dessas atividades com os vocacionados, paralelamente às orientações e ensaios para as Mostras.

PRÁTICA PARA COMPOSIÇÃO

Ensaio - Maio de 2013
Sebastião Bazotti
Artista Orientador do Vocacional Música no Centro Cultural da Penha
Turmas de quarta-feira das 10h às 13h e quinta-feira das 18h30min às 21h30min

PRÁTICA PARA COMPOSIÇÃO
Se por vários anos tivermos o hábito de cantar canções, por assimilação da
estrutura das músicas do repertório que iremos adquirindo nesses anos, possivelmente
conseguiremos algum dia, em que nos dispusermos a fazer isso, compor uma melodia.
E, por uma lógica, adquirida com a prática do cantar, a composição terá forma, sentido
melódico, coerência harmônica por mais simples que seja essa composição. Mesmo não
sendo músico ou sequer conhecendo qualquer teoria musical. Simplesmente, acredito
que por imitação da estrutura conhecida a longos anos, nosso cérebro conseguira fazer
uma música. Porém, no decorrer dos anos como Artista Orientador, tenho encontrado
muitos compositores amadores, que normalmente cantam bem, possuem um vasto
repertório, cantam ha vários anos, mas compõe de maneira amorfa. Ás vezes algumas
dessas pessoas tem um senso melódico interessante e criam frases melódicas com certo
nível de complexidade. Contudo não conseguem encaixa-las dentro de uma forma.
Aliás, me parece que não possuem mesmo a consciência da forma, da métrica. Não
aproveitam o repertório que possuem como referência na hora de compor. Existe um
distanciamento muito grande entre aquilo que aprenderam e a sua própria música
interior, a música que criam. É quase como se fossem artes diferentes a apreendida e a
criada. Na busca de encontrar uma maneira de fazer os aspirantes a músico ou
compositores, melhorarem suas criações assimilando informações de obras que
conhecem, tenho aplicado uma prática em aula que descreverei abaixo e cujos registros
dessa prática estão gravados em mídia para uma melhor compreensão do meu objetivo.
A intensão principal é uma conscientização de pulso, ritmo, melodia e principalmente
da forma.

Segue a prática:
- escolho uma música com melodia bem definida e cantada de preferência á capela para
que a atenção se volte apenas para a linha melódica;
- ouvimos várias vezes e por mais de um encontro a música aprendemos a cantá-la;
- passamos a cantar a música marcando o tempo forte do compasso com o pé;
- depois de alguma prática conseguimos distinguir as partes da música (AAB etc..).
- passamos a marcar o pulso com o pé e fazer o ritmo da música com palmas sem cantar
junto, apenas ajustando as frases ao pulso;
- quando a etapa anterior está bem resolvida, vamos para uma parte mais complexa, que
é criar com a voz uma nova melodia para o ritmo aprendido da música;
- uma nova composição surge;
- como respeitamos o pulso e o ritmo da composição original, a criação resultante tem
uma forma definida.

Seguem as etapas acima gravadas durante a prática nos encontros, disponíveis em CD:
Faixa 01 – parte A da composição original
Faixa 02 – frase original melódica, pulso e ritmo, frase melódica resultante.
Faixa 03 – frase original, pulso e frase melódica resultante.
Faixa 04 – parte A original, pulso e ritmo da parte A, melodia resultante da parte A.
Faixa 05 – pulso e ritmo dentro do andamento sugerido pela turma, melodia resultante.
Faixa 06 – resultado final do processo acima com a turma de quarta-feira.
Faixa 07 – música original na íntegra.
O resultado que almejo, é um aproveitamento melhor do próprio repertório como fonte
de aprendizado musical “teórico”, consciência da forma, do ritmo dentro de um pulso
E com isso uma melhora significativa nas composições.