Ensaio outubro de 2013
Pedagogias abertas no ensino de música (segunda parte)
Equipamento: CEU Quinta do Sol
Artista Orientador: Alejandro López
Dando continuidade às reflexões feitas no ensaio de setembro sobre a minha participação no XIX Seminário do FLADEM (Fórum Latino-americano de educadores musicais), abordarei aqui algumas questões relacionadas com as minhas práticas nas orientações, que considero encaixadas dentro da filosofia da pedagogia aberta.
Começarei falando sobre o trabalho em grupo. Apostar ao trabalho coletivo, segundo a realidade específica do equipamento, pode ser um conceito atrativo do ponto de vista do discurso, mas na prática pode apresentar algunas problemas. Um deles é a questão numérica, onde é difícil captar a atenção e o interesse de um número elevado de pessoas ( no meu caso particular, uma turma que por momento teve 35 pessoas). O problema não está na quantidade de individuos, mas na quantidade de individualidades onde existem interesses diversos, aptidões diferentes e bagagens na linguagem artística ( no nosso caso, a música) diferentes.
Me parece que para que um grupo com essas características funcione é necessario aplicar alguns critérios não muito usuais nas práticas pedagógicas, por exemplo, a construção coletiva do repertório que será trabalhado. O grupo perceberá que se não existe uma participação ativa e propositiva não haverá resultados visíveis a serem apresentados.
Por diversos motivos, dentre eles, afinidade nos gostos musicais, etários e de pertencimento a um grupo resulta natural ou inevitável que dentro da turma maior acabem se formando pequenos grupos. Acho importante trabalhar e mostrar as realizações destes grupos, mas considero que é necessário e fundamental misturar os integrantes de cada pequeno grupo, não somente por motivos de socialização, mas como uma estrategia para que essas pessoas possam conhecer um tipo de repertório que não forma parte da sua realidade musical. As pessoas conhecem através da prática estilos musicais que a maioria das vezes são rechazados ou não são levados em consideração por motivos extra-musicais. Este procedimento é mais sutil e delicado do que a tradicional “imposição” de um repertório por parte do educador, mas acredito que possa deixar uma semente de dúvidas e talvez gere, em alguns casos, a vontade de iniciar ou aprofundar uma pesquisa sobre outros estilos, repertórios e compositores.
Outro criterio utilizado nas orientações, e que está profundamente ligado com o asunto anterior, é a construção coletiva das formas e dos arranjos para as músicas que são trabalhadas. Partindo de uma proposta base começamos a ensaiar uma música tentando, sempre que possível, que o grupo toque sem a minha participação. Isso contribuirá para que fique em evidência a falta de uma forma clara e de um arranjo que por mais simples que seja, dê uma “cara prórpia” à música que está sendo trabalhada. Estes conceitos de forma e arranjo são geralmente desconhecidos pelos vocacionados que apresentam um interesse primario na reprodução ou imitação.
Partindo desses questionamentos tentamos criar formas e arranjos que contemplem as possibilidades do grupo, deixando nas mãos dos vocacionados as propostas e sugestões que irão conformando a versão definitiva da música.
Dependendo de qual foi música escolhida aparecerão maior ou menor número de propostas e o arranjo só ficará pronto quando as sugestões apresentadas sejam testadas e aprovadas pela maioria.
Outro ponto que quero comentar é o incentivo à criação.
Como sabemos o sistema educativo tradicional e a propria vida em sociedade estimulam a reprodução de modelos estabelecidos e não dão muito espaço para a criação nas suas diferentes formas. Isto gera travas nas pessoas que pensam que como a música é uma linguagem específica com códigos próprios, elas devem conhecer e dominar estes códigos para poder expressar-se musicalmente.
Além dissso, outra característica das pessoas que participam do Vocacional é a procura por formação e conteúdos o que muitas vezes nos leva a atitude tradicional de “professor” que tem o conhecimento e vai transmiti-lo a seus “alunos”.
Por estes motivos acho importante e procuro incentivar a criação através de exercícios de composição onde se misturam a criação livre com exercícios que contém conceitos mias técnicos e da teoria musical.
Nenhum dos procedimentos citados anteriormente produzem grandes resultados “visíveis” e de uma certa maneira são seletivos, pois requerem das pessoas que participam das orientações um envolvimento maior do que o simples passatempo ou a socialização, além de que são melhor “aproveitados” por quem participa do processo desde o inicio até o fim. Aposto nesse processo como o elo que guia o meu trabalho.
Acredito que os processos de aprendizado são caóticos por natureza, aprender uma língua, um instrumento ou aprender a cantar não necessariamente requer um método onde os conceitos são aprendidos linearmente seguindo um grau de dificuldade, indo do mais simples ao mais complexo e eu tento aplicar este conceito de “caos criativo” nas orientações realizadas no Vocacional.
Para finalizar, cito duas frases do educador Paulo Freire com as quais me identifico e que tento colocar na prática:
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Alejandro López
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Leonel Dias - A caminho da intersubjetivação
Vocacional Música 2013 – A caminho da ”intersubjetivação”
Em sua edição 2013 o
projeto Música procura aliar as premissas do programa Vocacional e as
experiências dos anos anteriores às demandas do momento, atualizando as
práticas artístico-pedagógicas atraves da imcorporação dos materiais e métodos
desenvolvidos tanto a partir dos registros e analises já concluidos como também
das demandas sumariamente imediatas.
A possibilidade desse
procedimento se deve a alguns fatores que contemplam a viabilização do diálogo
entre os participantes do projeto. Pode-se destacar que no momento tornam-se
fundamentais: uma visão atenta e sensível das demandas dos vocacionados, uma
conceituação dos materiais trabalhados e a valoração da criação através da
prática de referência coletiva, tudo culminando num processo que podemos chamar
de intersubjetivação.
Nota-se que para a
efetivação das trocas e a possibiliodade de interlocução entre as instâncias se
torna necessário uma sistematização quanto ao registro dos processos, que ao
mesmo tempo em que expõe a diversidade de formas e conteudos cria um canal
direto e imediato de divulgação, análise e apreciação. Outorga-se assim aos
“Ensaios de Pesquisa-Ação” uma função fundamental dentro da ação
artístico-pedagógica.
O que na edição de 2012
poderia ser traduzido tanto como uma expressão individual ou particular agora
passa a abranger uma atuação por meio da construção coletiva, primordial no
trabalho, agregando a prática junto aos vocacionados com a elaboração do
próprio material pedagógico.
O aspecto da
coletivização passa a transcender os grupos e turmas de vocacionados em seus
equipamentos e regiões de origem, pelo projeto como um todo, expandindo-se pela
cidade.
Nesse processo os
ensaios de cada artista-orientador ou coordenador são expostos como “rascunhos” e discutidos pelas equips
ao mesmo tempo em que são elaborados, o que inclui o intercâmbio, a apreciação
e a avaliação dos procedimentos, combinando a proposição individual e seu desenrolar
com o processo coletivo, potencializando todas as ações.
Nesse percurso abre-se
a possibilidade da incorporação de diversos meios de expressão na apresentação
dos ensaios, bem como uma flexibilização referente a cronogramas e obrigações
pontuais.
Essa situação
possibilita um alinhamento dos registros condizente com o andamento dos processos, considerando e
valorizando as condições de trabalho e suas particularidades, contemplando e
justificando o mapeamento como ponto de partida da ação continua das turmas e
grupos, culminando não exclusivamente com um resultado pragmático, mas
principalmente com a opção de utilização
de um material pedagógico
sugerido na própria ação.
A eleição de um
vocabulário plural, oriundo das propostas e práticas, contribui para a
conceituação dos processos e fornece subsídios para a discussão embasada na
realidade das ações. Para a efetivação dessa constante troca de informações e
apreciação coletiva o projeto conta com instrumentais de comunicação que
facilitam a identificação dos ensaios e possibilitam a visão do todo por todas
as equipes, com suas particularidades e possibilidades, de uma forma prática e
eficiente.
Por se tartar de uma
possibilidade de ação coletiva concreta considera-se que no momento os
materiais pedagógicos emergem das próprias ações, passando por processos de
experimentação e recriação justamente através dos intercâmbios envolvendo o
projeto como um todo. Podemos então afirmar que o Vocacional Música,
considerando a realidade a partir do que foi acima apresentado, caminha no
sentido de contemplar a intersujetivação em sua ação artêstico pedagógica.
Leonel G. Dias / Julho
de 2013
Egelson Lira - Paradigmas
Ensaio
de pesquisa poético musical – AO Egelson lira
Paradigmas
nas linguagens artísticas.
Inter-
musicalidades , expressão diversidade em comunhão, inter-linguajar sonoros,
inter - metaforalizantes.
Inter
-vocalizamos nossos sentidos, inter- ingênuamente nos doamos ao extinto, nos
vemos dentro e fora dele, mas nunca ausentes.
Inter- musicalmente, diminuo o
andamento, troco a harmonia e mudo o pulso, “alegro ma no tropo” revejo
conceitos rítmicos, metáforas estão sempre presentes na linguagem musical.
Inter
- locutando vozes sejamos , ouvidos, alados...
Inter
- teleguiados serão muitos telêmacos nas odisséias dos dias amargos.
Inter-
minimalismos se iniciam, e o reparar, continuar, ascender vão procriar.
Ao
Inter – determinamos: qual? Quem? Reescreveu, e ele próprio o releu.
Inter- teatralizamos o que não é atento,
porque nunca se tenta, entre.
Inter-
visualizaremos , entre olhos retidos
dentro e fora do mundo.
Inter
– dançaremos, na inter – contemporaneidade do compasso eterno.
binários e ternários se tornarão, sambas
e boleros.
O
inter – seminário metáforalizante sobe e desce escalas dissonantes, quase se
torna melodia, se arrisca no cromatismo, quase chega à simetria, modula
tonalizando, vários inter - tons.
Inter- anti inseminadas semínimas são
muitas, colcheias nem se fala, o compasso está quase inacabado.
Inter-
melodiamos, inter- cantarolamos, lá, laia, laia, salve as onomatopéias.
Inter-
vocacionamos vocações, inter- vertemos papéis.
Inter-
eletrificamos potências, tudo é questão entre decibéis.
Inter-
potencializamos as ausências, não presenças, sentiremos como ela nos sente:
ausente.
Inter-
despediremo-nos quando nos inter- encontrarmo-nos, quando já não formos inter-
desplicentes, soando como intervalos dissonantes.
Inter-
interpretando vozes estéreis, ás vezes seriais, outras vezes dodecafônicas, nos
dividiremos em tons, micro tons.
Inter
quase sempre quer dizer “entre”.
Música como metáfora – Keith swanwick
Quero agora sustentar que, no entrosamento
musical, o processo metafórico funciona em três níveis cumulativos. Quando escutamos “notas” como se fossem
“melodias”, soando como formas expressivas; quando escutamos formas expressivas
assumirem novas relações, como se tivessem “vida própria” ; e quando essas
novas formas parecem fundir-se com nossas experiências prévias.
Susane Langer , quando a música” informa a
vida do sentimento.
No processo de criação junto aos
vocacionados, a pesquisa se baseia nas metáforas sonoras, onde se procura por
sons inusitados, sons cotidianos que ouvimos nas ruas ,por onde passamos,
também nos silêncios que não nos deixamos ouvir, quando pedimos silencio, pausa
para que entre uma improvisação.
Um dos vocacionados diz: ta tudo desafinado! (penso comigo “
é que no peito dos vocacionados também bate um coração), uma canção que fica na
memória onde tudo se recria.
Sobre forma e conteúdo- alguns violões
entram fazendo a harmonia, conduzindo o andamento, as flautas doces tocam uma
pequena escala natural, a percussão, marca o ritmo para entrada das vozes, a um
repetição de todo o texto musical, para finalizar um improviso de violão,
terminando todos juntos.
Música - Heitor vila lobos - trenzinho do
caipira.
Texto poético –
Ferreira Gular
De alguma maneira essa pesquisa metaforiza
a linguagem musical, assume muitas formas, reúne, aproxima, traz cidadania e vivência
ações e processos de criação coletiva.
Marcus Simon no CEU Formosa
Programa
Vocacional - Projeto Vocacional Música
Ensaio
de Pesquisa
Artista
Orientador: Marcus Henrique Simon
Data:
08/07/2013
As minhas orientações no CEU
Formosa estão direcionadas principalmente à prática de conjunto de repertório
de músicas brasileiras, a partir de músicas sugeridas pelos vocacionados e por
mim. Trabalho também com a apreciação musical por meio da escuta de CDs
trazidos pelos alunos e de exemplos musicais de áudio e vídeo que levo nas
orientações. Discutimos e analisamos conjuntamente diversos aspectos musicais e
estéticos, como forma musical, fórmula de compasso, instrumentação, estilo,
performance, entre outros. Ouvimos músicas de estilos e artistas variados:
Nirvana (rock grunge), Lelo Costa (vocacionado que compõe no estilo sertanejo/gospel),
Radiohead (rock eletrônico) e Quinteto Amazonas (grupo de MPB do AO Marcus
Simon). Exibi também o documentário “Hermeto Campeão”, sobre a vida e obra do
músico Hermeto Pascoal. Além da escuta musical, desenvolvo dinâmicas de grupo
com exercícios rítmicos, utilizando a percussão corporal e instrumentos de
percussão. O intuito é trabalhar a noção de pulso e o entendimento dos ritmos
em relação ao compasso e à pulsação. A improvisação e a memória rítmica também
são estimuladas por meio de palmas, peito, pés, e outros timbres corporais, com
ritmos simples de apenas um compasso.
As orientações são divididas em
duas turmas (manhã e tarde), e contam atualmente com aproximadamente 15
participantes no total. Os vocacionados tocam violão, baixo, guitarra, bateria,
teclado e percussão, e alguns se arriscam no canto. Possuem diferentes idades e
níveis musicais, porém as referências e os gostos musicais entre os mais jovens
são parecidos, indo de Milton Nascimento a Capital Inicial. Alguns possuem um
gosto mais refinado e um nível musical acima da média em relação aos colegas. É
o caso do vocacionado Guilherme, que aprendeu a tocar no violão a música
“Travessia”, de Milton Nascimento, e “Quero me encontrar”, de Cartola; e do
guitarrista Vinícius, que aprendeu a tocar com o pai músicas como “Carinhoso”,
de Pixinguinha, “Bachianinha nº 1”, de Paulinho Nogueira, e “Brasileirinho”, de
Waldir Azevedo. A presença desses alunos incentivam e estimulam os outros
participantes a estudarem música e a ouvirem estes compositores.
O encontro de gerações distintas
também possibilita uma ampliação do repertório de todos numa troca de saberes.
A música “Tocando em Frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira, sugerida pelo
vocacionado compositor Lelo Costa, era desconhecida por alguns vocacionados
adolescentes, até ser ensaiada e depois apresentada na Mostra do Vocacional no
CEU Quinta do Sol e no Sarau do CEU Formosa. Esta música possibilitou a criação
de um arranjo que tem como base dois ritmos do sul do Brasil e da Argentina, e
que também eram novidades para os vocacionados: a chacarera e o chamamé. Estes
ritmos trabalham com uma polirritmia de “3 pulsos contra 2 pulsos”, muito comum
na musicalidade argentina e também africana. Em geral, a música de origem
argentina, que veio a influenciar a do sul do Brasil, possui em sua estrutura
rítmica acentuações que podem tanto ser entendidas como um compasso ternário
simples (3 por 4) como um binário composto (6 por 8). Em espanhol é usado o
termo “birritmia”, ou seja, um ritmo que pode ser escrito, executado e sentido
tanto por uma determinada fórmula de compasso, quanto por outra. O que acontece
na prática é que durante a música a melodia e o acompanhamento instrumental
transitam entre subdivisões e acentuações binárias (3 por 4) e ternárias (6 por
8), criando um caráter ambíguo quanto à definição de métrica do compasso. O
livro “Cajita de Música Argentina”[1],
de Juan Falú, explica mais detalhadamente esse aspecto polirrítmico e traz
informações históricas e musicais sobre os ritmos da música argentina.
Os vocacionados puderam
experimentar na prática essa polirritmia, ao acompanharem a música “Tocando em
Frente”, cantada e tocada ao violão pelo vocacionado Lelo. Pedi para baterem
palmas em 3 pulsos, e pés em 2 pulsos, simultaneamente, e depois invertendo,
palmas em 2, pés em 3. Para todos participarem da execução da música, criei uma
frase rítmica simples para ser inserida no arranjo, tocada com palmas e
baquetas, somada ao acompanhamento da bateria e da percussão.
Pretendo continuar trabalhando
com o repertório conhecido dos vocacionados, além de levar as minhas
referências musicais de compositores que considero importantes da música
brasileira e mundial. As orientações nesse estágio do Projeto estão muito
voltadas para as apresentações nas Mostras. Os vocacionados ficam entusiasmados
com o desafio de se apresentarem num palco, que é para muitos deles ainda um
lugar desconfortável e, ao mesmo tempo, fascinante. No entanto, procuro
conciliar aos ensaios práticas de
musicalização, apreciação musical e improvisação, além de conteúdos teóricos,
que considero fundamentais para se adquirir melhor preparo e um amplo
entendimento do fazer musical.
Como uma proposta de atividade de
apreciação musical, farei um mapeamento das origens étnicas de cada
vocacionado, e propor uma pesquisa na qual os vocacionados poderão discutir
sobre a música dos povos de seus ancestrais. Serão exibidos alguns vídeos do Youtube com músicas tradicionais do folclore brasileiro, dos povos ligados à origem
familiar dos vocacionados e de outros povos do mundo, como dos Pigmeus
africanos, dos músicos do gamelão de Bali, e dos monges tibetanos, por exemplo.
Cito abaixo alguns objetivos que tal atividade se propõe:
- Provocar
a estranheza e a curiosidade do aluno pela música tradicional do Brasil e do
mundo, a qual ele não está habituado a ouvir.
- Proporcionar aos
participantes uma experiência musical auditiva e estética,
por meio do repertório e de informações sobre a cultura e a musicalidade
tradicional do Brasil e de outros povos do mundo.
- Ampliar o repertório musical dos alunos.
- Instigar a curiosidade e a pesquisa
por tais expressões musicais, e estabelecer relações com o repertório conhecido
dos alunos.
- Incentivar os alunos a frequentarem
mais shows musicais, principalmente de artistas e grupos que buscam fazer uma
música de qualidade, sem as padronizações estabelecidas pela indústria
fonográfica e pela mídia de entretenimento.
- Estimular a escuta e a apreciação
musical.
- Desenvolver a capacidade de discernir e
identificar timbres e características de diferentes instrumentos e estilos
musicais do mundo.
- Demonstrar as diversas funções possíveis que
a música possui e a sua importância nas sociedades do mundo.
-
Desenvolver a compreensão da riqueza da
diversidade cultural brasileira.
A partir dessa atividade poderei avaliar se é
possível dar continuidade à pesquisa de músicas tradicionais do Brasil e do
mundo e se há algum interesse dos vocacionados. Possuo um trabalho acadêmico de
conclusão de curso de Licenciatura em Música intitulado “Oficina de Música
Estranha - Musicalidades tradicionais do mundo: provocações para uma escuta sem
preconceitos”. Este projeto apresenta uma pesquisa sobre a importância da
etnomusicologia na educação e sobre diferentes expressões musicais tradicionais
dos povos do mundo, além de uma série de atividades práticas relacionadas ao
tema e de referências bibliográficas, de áudio e de vídeo de tais
musicalidades. Planejo desenvolver algumas dessas atividades com os vocacionados,
paralelamente às orientações e ensaios para as Mostras.
[1] Link com o livro na íntegra: http://www.educ.ar/repositorio/Download/file?file_id=3263d348-527b-45e4-873c-3a74b900c35a
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Pedagogias abertas no ensino de música (primeira parte)
Pedagogias abertas no ensino de música (primeira parte)
Equipamento: CEU Quinta do Sol
Artista Orientador: Alejandro López
Neste ensaio o relato central esta baseado na minha participação no XIX Seminário de Educadores Musicais do FLADEM (Fórum Latino-americano de educadores musicais) que foi realizado entre os dias 16 e 20 de setembro de 2013 em Montevidéu, Uruguai.
O tema central do seminário foi “Pedagogias abertas, mitos e realidades”.
Me parece que o nome do seminário foi muito bem colocado porque muitas vezes pensamos que estamos trabalhando com pedagogias abertas, mas na realidade estamos somente continuando modelos tradicionais que comprovadamente não funcionam.
No seminário foram apresentadas diversas propostas de práticas pedagógicas através de aulas demonstrativas, além de oficinas, debates e mesas de discução sobre vários assuntos relacionados com o ensino de música formal e não formal.
Um debate interessante foi o realizado sobre os processos pedagógicos utilizados nas orquestras juvenis nos seus diferentes formatos na América Latina. A discussão foi centrada sobre o modelo venezuelano de grande sucesso conhecido como “El Sistema”, um sistema de orquestras que envolve a participação de um grande número de profissionais e de jovens que podem iniciar e aperfeiçoar seus estudos musicais. O ponto central da discussão foi se este sistema representa realmente uma proposta renovadora com um vies original (latino-americano) ou se somente reproduz o modelo das orquestras europeias e se esse modelo contribui para o desenvolvimento de uma linguagem e uma autonomia artística novas na cena educativo-artística latino-americana.
Também foi abordada a questão de como essa realidade acontece aqui no Brasil, onde através da isencão fiscal, muitas empresas proporcionam uma iniciação musical à crianças e jovens, mas sem cuidar de maneira séria e crítica dos processos pedagógicos, preocupando-se com a quantidade em detrimento da qualidade.
Pude constatar o quanto é difícil levar à prática o conceito de pedagogia aberta e de educar para a liberdade pois nossos sistemas educacionais formais nunca deram espaço suficiente para esse tipo de prática e portanto, nós, os profissioanis, somos formados conhecendo pensamentos e teorias que falam sobre autonomia e liberdade artística, mas na prática adotamos, a maioria das vezes, posturas que reproduzem os mesmos modelos já estabelecidos
Foram compartilhadas algumas experiências do Projeto Guri, tido como uma das referências enquanto ao modelo proposto e os resultados obtidos.
Acho necessária numa próxima edição do seminário, uma participação mais ativa do Programa Vocacional Música, pois acredito que é uma experiência rica que pode aportar muito desde o ponto de vista conceitual e que também tem resultados práticos interessantes que valem a pena ser conhecidos no resto da America Latina, contribuindo para a formação de um pensamento crítico sobre a pedagogia musical adaptada à realidade latino-americana.
Algumas conclusões elaboradas foram: falta construir o conhecimento, saber como fazer e não simplesmente fazer. A pesar das nuances que cada realidade local apresenta, em geral, na America Latina é necessario observar e pesquisar mais profundamente os processos de aprendizado para conhecer melhor como o conhecimento é adquirido e consequentemente, desenvolver práticas pedagogicas apoiadas nesses processos.
Temos que educar para a liberdade e a autonomia. Este conceito vai de encontro com umas das minhas práticas no vocacional: tentar gerar o pensamento crítico nos vocacionados através da prática e não de um discurso conceitual. Não proponho nada revolucionario, simplesmente pequenas atitudes e ações que levam ao questionamento, como por exemplo, deixar que seja o vocacionado que proponha alguma música para trabalhar nas orientações. Este pequeno ato desperta o interesse pois a maioria não propõe e espera que seja o professor que traga o conhecimento e que fale o que é bom e o que é de menos qualidade para trabalhar. Quando um vocacionado traz uma proposta de música e esta é aceita pelo grupo e incluída no repertório, acredito que isso desperta algum processo interno, por mínimo que seja, e que remete a algum tipo de reflexão sobre ser propositivo, ter a iniciativa e sobre a autonomia.
Outro conceito central nestas reflexões foi o de que o professor ou educador esteja “musicalizado” e seja consciente da sua musicalidade para poder transmitir de maneira natural e efetiva a musicalização aos seus alunos pois num processo pedagógico musical o centro e o principal deve ser a música. Relacionando este conceito com as práticas vivenciadas no Vocacional, acredito que estou no caminho certo, pois é sempre através da prática musical que eventualmente algum vocacionado reflete sobre aspectos como ser crítico ou reagir ao estabelecido pelo sistema como “verdade”. Embora esses processos possam ser lentos, não muito evidentes ou conscientes, acredito que deixam uma marca profunda em cada vocacionado. Citando a educadora musical Violeta Hemsy: “A inclusão musical é um direito”.
Estamos vivendo um momento de crise como sociedade, onde a arte encontra-se desvalorizada, portanto é fundamental que através da pedagogia artística tentemos resgatar alguns conceitos como o desenvolvimento de um pensamento crítico em relação à homogeneidade, ao consumismo, à massificação para ter acesso à igualdade de direitos e poder gerar processos educativos libertadores tanto para os alunos quanto para os professores.
Alejandro López Jericó
Equipamento: CEU Quinta do Sol
Artista Orientador: Alejandro López
Neste ensaio o relato central esta baseado na minha participação no XIX Seminário de Educadores Musicais do FLADEM (Fórum Latino-americano de educadores musicais) que foi realizado entre os dias 16 e 20 de setembro de 2013 em Montevidéu, Uruguai.
O tema central do seminário foi “Pedagogias abertas, mitos e realidades”.
Me parece que o nome do seminário foi muito bem colocado porque muitas vezes pensamos que estamos trabalhando com pedagogias abertas, mas na realidade estamos somente continuando modelos tradicionais que comprovadamente não funcionam.
No seminário foram apresentadas diversas propostas de práticas pedagógicas através de aulas demonstrativas, além de oficinas, debates e mesas de discução sobre vários assuntos relacionados com o ensino de música formal e não formal.
Um debate interessante foi o realizado sobre os processos pedagógicos utilizados nas orquestras juvenis nos seus diferentes formatos na América Latina. A discussão foi centrada sobre o modelo venezuelano de grande sucesso conhecido como “El Sistema”, um sistema de orquestras que envolve a participação de um grande número de profissionais e de jovens que podem iniciar e aperfeiçoar seus estudos musicais. O ponto central da discussão foi se este sistema representa realmente uma proposta renovadora com um vies original (latino-americano) ou se somente reproduz o modelo das orquestras europeias e se esse modelo contribui para o desenvolvimento de uma linguagem e uma autonomia artística novas na cena educativo-artística latino-americana.
Também foi abordada a questão de como essa realidade acontece aqui no Brasil, onde através da isencão fiscal, muitas empresas proporcionam uma iniciação musical à crianças e jovens, mas sem cuidar de maneira séria e crítica dos processos pedagógicos, preocupando-se com a quantidade em detrimento da qualidade.
Pude constatar o quanto é difícil levar à prática o conceito de pedagogia aberta e de educar para a liberdade pois nossos sistemas educacionais formais nunca deram espaço suficiente para esse tipo de prática e portanto, nós, os profissioanis, somos formados conhecendo pensamentos e teorias que falam sobre autonomia e liberdade artística, mas na prática adotamos, a maioria das vezes, posturas que reproduzem os mesmos modelos já estabelecidos
Foram compartilhadas algumas experiências do Projeto Guri, tido como uma das referências enquanto ao modelo proposto e os resultados obtidos.
Acho necessária numa próxima edição do seminário, uma participação mais ativa do Programa Vocacional Música, pois acredito que é uma experiência rica que pode aportar muito desde o ponto de vista conceitual e que também tem resultados práticos interessantes que valem a pena ser conhecidos no resto da America Latina, contribuindo para a formação de um pensamento crítico sobre a pedagogia musical adaptada à realidade latino-americana.
Algumas conclusões elaboradas foram: falta construir o conhecimento, saber como fazer e não simplesmente fazer. A pesar das nuances que cada realidade local apresenta, em geral, na America Latina é necessario observar e pesquisar mais profundamente os processos de aprendizado para conhecer melhor como o conhecimento é adquirido e consequentemente, desenvolver práticas pedagogicas apoiadas nesses processos.
Temos que educar para a liberdade e a autonomia. Este conceito vai de encontro com umas das minhas práticas no vocacional: tentar gerar o pensamento crítico nos vocacionados através da prática e não de um discurso conceitual. Não proponho nada revolucionario, simplesmente pequenas atitudes e ações que levam ao questionamento, como por exemplo, deixar que seja o vocacionado que proponha alguma música para trabalhar nas orientações. Este pequeno ato desperta o interesse pois a maioria não propõe e espera que seja o professor que traga o conhecimento e que fale o que é bom e o que é de menos qualidade para trabalhar. Quando um vocacionado traz uma proposta de música e esta é aceita pelo grupo e incluída no repertório, acredito que isso desperta algum processo interno, por mínimo que seja, e que remete a algum tipo de reflexão sobre ser propositivo, ter a iniciativa e sobre a autonomia.
Outro conceito central nestas reflexões foi o de que o professor ou educador esteja “musicalizado” e seja consciente da sua musicalidade para poder transmitir de maneira natural e efetiva a musicalização aos seus alunos pois num processo pedagógico musical o centro e o principal deve ser a música. Relacionando este conceito com as práticas vivenciadas no Vocacional, acredito que estou no caminho certo, pois é sempre através da prática musical que eventualmente algum vocacionado reflete sobre aspectos como ser crítico ou reagir ao estabelecido pelo sistema como “verdade”. Embora esses processos possam ser lentos, não muito evidentes ou conscientes, acredito que deixam uma marca profunda em cada vocacionado. Citando a educadora musical Violeta Hemsy: “A inclusão musical é um direito”.
Estamos vivendo um momento de crise como sociedade, onde a arte encontra-se desvalorizada, portanto é fundamental que através da pedagogia artística tentemos resgatar alguns conceitos como o desenvolvimento de um pensamento crítico em relação à homogeneidade, ao consumismo, à massificação para ter acesso à igualdade de direitos e poder gerar processos educativos libertadores tanto para os alunos quanto para os professores.
Alejandro López Jericó
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
ensaio Voc.Dança Sul 2 "Açao Cultural de M'Boi Mirin
http://youtu.be/xbsYtD5h3Gc
Ensaio Vocacional Dança SUL2 http://youtu.be/xbsYtD5h3Gc
Título: "Ação Cultural Casa de
Cultura de M´Boi Mirim", realizada Equipe Sul 2 Vocacional Dança,
dia 17 de Agosto de 2013.
Artistas Orientadores:
Wellerson Minuz (Leleco) - CEU Vila do Sol
Haysten Lenilson - Casa de Cultura M´Boi Mirim
Zeca Araujo - CEU Feitiço da Vila
Lina Gómez - CEU Guarapiranga
Coordenaçao equipe : Miriam Dascal
Artistas Orientadores:
Wellerson Minuz (Leleco) - CEU Vila do Sol
Haysten Lenilson - Casa de Cultura M´Boi Mirim
Zeca Araujo - CEU Feitiço da Vila
Lina Gómez - CEU Guarapiranga
Coordenaçao equipe : Miriam Dascal
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Tempo Em Movimeto
Ontem...
Hoje...
TEMPO EM MOVIMENTO
Anos 70...
Um programa de
televisão...
Diversão...
Pensamento...
Estilo de
vida...
Jovens como eu
ou você...
Corpo em
movimento...
Uma era!
Este era o
programa Soul Train nos Estados Unidos na década de 70 e 80...
Jovens
americanos, de maioria negra, assistiam ininterruptamente a este programa de
televisão, que era feito para eles e por eles, onde se reuniam artistas famosos
do Soul & Funk tocando e cantando seus maiores sucessos... Não existia um
público espectador, e sim, um público participante, que interagia dançando o tempo
inteiro como em um baile. Dançavam tanto, tão bem e tão verdadeiros que
acabaram se tornando uma das principais atrações do programa, além das bandas e
cantores.
O programa
marcou a história das Danças Urbanas no mundo e a história dos negros americanos.
Era um movimento alegre e genuíno. A arte era parte da vida de cada um, música
e dança.
2013...
Uma outra
geração...
Tecnologia...
Pressa...
Superficialidade...
Competição...
Informação fácil
e banal...
Jovens como eu
ou você...
Corpo em
movimento...
Um momento...
O tempo
passou,
muita coisa
mudou,
mas eu continuo
sendo eu
e você sendo
você,
Corpo em
movimento!
CEU Jambeiro
Nathalia Biavaschi Glitz
- Professora e coreógrafa
- Educadora física
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Ensaio Programa Vocacional Dança AO Gisele Penafieri
Ensaio
Programa Vocacional Dança 2013, 09, 19
Por
Gisele Penafieri
Artista
orientadora da Dança
CEU
Agua Azul – equipe Leste3
Coordenadora
Nininha Araujo
“ A
partir de um movimento de qualquer coisa ou objeto, a arte está formada nas
mais pequenas coisas, que nós não damos a mínima importância. O que eu acho
muito legal é a sincronia do movimento que dá para a pessoa em conjunto da
leveza no desenho.”
Vilma,
20/05/2013, vocacionada do CEU Água Azul.
Vou
contar uma historia dentro desta historia toda.:
Quando
eu tinha 14 anos, em meados de 1985, morava com minha irmã, mãe e pai
recém-separados, num bairro perto, alguns chamam de periferia, que é o Jaguaré,
na Zona Oeste de São Paulo, estudava no ‘verdão’, escola pública no Pq.
Continental. Nesta época, por iniciativa de um professor de Física, o Aníbal
Fonseca Figueiredo, um grupo de pessoas (lembro de alguns jovens, como eu lá,
outros mais maduros, uns adultos), se encontravam no salão da escola, que tinha
seus amplos portões públicos sempre abertos para a comunidade, e essas pessoas
se encontravam para fazer Teatro! E nesta minha primeira experiência de
encontro com a arte cênica, com o lugar
pra imaginação e a criatividade, se abriu um caminho que passo a passo, muitos
tropeços e uns tantos saltos, me trouxe onde estou hoje, com minha arte que é
meu trabalho, meu jeito de viver e compartilhar.
Hoje,
2013, com o inverso de 14 + 1, quase 2, sou uma Artista Orientadora do Programa
Vocacional Dança, num lugar que me leva a este meu primeiro encontro, quando
tudo começou!
E me
desloco toda semana da Lapa, (bairro, que bem mais antigamente, já foi
considerado uma periferia... a cidade era menor), em direção ao extremo leste
da minha cidade grande, bem grande, uma outra cidade praticamente, a Cidade
Tiradentes!
Vou lá
ter encontros surpreendentes, empolgantes, frustrantes...diferentes composições
de seres humanos com suas escolhas, identificações, desejos, simplicidades,
profundidades, e nosso encontro se dá pela dança, de formas tantas vezes
improvisadas, na busca de um jeito orgânico, - como eu aprendi com as ideias e
práticas de Klauss Vianna, com seu filho Rainer e os discípulos com quem eu
mantive contato entre 93 e 95, - assim vou encaminhando a dança de cada dia, os
estados que sugerem a realidade de cada
“dramaturgia do encontro”,( conceito que desenvolve Melissa Panzutti,
coordenadora de Teatro em seu ensaio para este programa na revista Vocare 2012,
do qual participa e se envolve há mais de 10 anos).
E procuro
aproveitar, lidando com os conflitos, a oportunidade de propiciar, provocar,
convidar a uma situação estética de movimento, um movimento cênico,
comunicativo, terapêutico, uma dança -teatro.
Os encontros
inter-geracionais são de uma riqueza muito interessante, o encontro da
diversidade na real! E me vejo em muitas situações, me reconheço nos
vocacionados, no lugar do jovem buscando se reconhecer, achar seu lugar no
caos; me reconheço também no lugar da mãe, esposa, trabalhadora, mulher, que
lida com os tempos afim de cumprir sua missão de mulher maravilha, e ainda
garantir 3 horas semanais para si mesma! Reconheço este lugar de importância na
vida das pessoas que vivenciam este tipo de encontro que o Vocacional
possibilita, e que é tão semelhante aos que eu tive quando tudo começou pra
mim, e de certo que para muitos os encontros vocacionais são um começo, uma luz
de referencias de novas possibilidades culturais na vida!
Viva a
arte e a comunidade!
Gisele
Penafieri
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