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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Pedagogias abertas no ensino de música (segunda parte)

Ensaio outubro de 2013

Pedagogias abertas no ensino de música (segunda parte)

Equipamento: CEU Quinta do Sol
Artista Orientador: Alejandro López


Dando continuidade às reflexões feitas no ensaio de setembro sobre a minha participação no XIX Seminário do FLADEM (Fórum Latino-americano de educadores musicais), abordarei aqui algumas questões relacionadas com as minhas práticas nas orientações, que considero encaixadas dentro da filosofia da pedagogia aberta.

Começarei falando sobre o trabalho em grupo. Apostar ao trabalho coletivo, segundo a realidade específica do equipamento, pode ser um conceito atrativo do ponto de vista do discurso, mas na prática pode apresentar algunas problemas. Um deles é a questão numérica, onde é difícil captar a atenção e o interesse de um número elevado de pessoas ( no meu caso particular, uma turma que por momento teve 35 pessoas). O problema não está na quantidade de individuos, mas na quantidade de individualidades onde existem interesses diversos, aptidões diferentes e bagagens na linguagem artística ( no nosso caso, a música) diferentes.

Me parece que para que um grupo com essas características funcione é necessario aplicar alguns critérios não muito usuais nas práticas pedagógicas, por exemplo, a construção coletiva do repertório que será trabalhado. O grupo perceberá que  se não existe uma participação ativa e propositiva não haverá resultados visíveis a serem apresentados.
Por diversos motivos, dentre eles, afinidade nos gostos musicais, etários e de pertencimento a um grupo resulta natural ou inevitável que dentro da turma maior acabem se formando pequenos grupos. Acho importante trabalhar e mostrar as realizações destes grupos, mas considero que é necessário e fundamental misturar os integrantes de cada pequeno grupo, não somente por motivos de socialização, mas como uma estrategia para que essas pessoas possam conhecer um tipo de repertório que não forma parte da sua realidade musical. As pessoas conhecem através da prática estilos musicais que a maioria das vezes são rechazados ou não são levados em consideração por motivos extra-musicais. Este procedimento é mais sutil e delicado do que a tradicional “imposição” de um repertório por parte do educador, mas acredito que possa deixar uma semente de dúvidas e talvez gere, em alguns casos, a vontade de iniciar ou aprofundar uma pesquisa sobre outros estilos, repertórios e compositores.

Outro criterio utilizado nas orientações, e que está profundamente ligado com o asunto anterior, é a construção coletiva das formas e dos arranjos para as músicas que são trabalhadas. Partindo de uma proposta base começamos a ensaiar uma música tentando, sempre que possível, que o grupo toque sem a minha participação. Isso contribuirá para que fique em evidência a falta de uma forma clara e de um arranjo que por mais simples que seja, dê uma “cara prórpia” à música que está sendo trabalhada. Estes conceitos de forma e arranjo são geralmente desconhecidos pelos vocacionados que apresentam um interesse primario na reprodução ou imitação.
Partindo desses questionamentos tentamos criar formas e arranjos que contemplem as possibilidades do grupo, deixando nas mãos dos vocacionados as propostas e sugestões que irão conformando a versão definitiva da música.
Dependendo de qual foi música escolhida aparecerão maior ou menor número de propostas e o arranjo só ficará pronto quando as sugestões apresentadas sejam testadas e aprovadas pela maioria.

Outro ponto que quero comentar é o incentivo à criação.
Como sabemos o sistema educativo tradicional e a propria vida em sociedade  estimulam a reprodução de modelos estabelecidos e não dão muito espaço para a criação nas suas diferentes formas. Isto gera travas nas pessoas que pensam que como a música é uma linguagem específica com códigos próprios, elas devem conhecer e dominar estes códigos para poder expressar-se musicalmente.
Além dissso, outra característica das pessoas que participam do Vocacional é a procura  por formação e conteúdos o que muitas vezes nos leva a atitude tradicional de “professor” que tem o conhecimento e vai transmiti-lo a seus “alunos”.
Por estes motivos acho importante e procuro incentivar a criação através de exercícios de composição onde se misturam a criação livre com exercícios que contém conceitos mias técnicos e da teoria musical.

Nenhum dos procedimentos citados anteriormente produzem grandes resultados “visíveis” e de uma certa maneira são seletivos, pois requerem das pessoas que participam das orientações um envolvimento maior do que o simples passatempo ou a socialização, além de que são melhor “aproveitados” por quem participa do processo desde o inicio até o fim. Aposto nesse processo como o elo que guia o meu trabalho.

Acredito que os processos de aprendizado são caóticos por natureza, aprender uma língua, um instrumento ou aprender a cantar não necessariamente requer um método onde os conceitos são aprendidos linearmente seguindo um grau de dificuldade, indo do mais simples ao mais complexo e eu tento aplicar este conceito de “caos criativo” nas orientações realizadas no Vocacional.
Para finalizar, cito duas frases do educador Paulo Freire com as quais me identifico e que tento colocar na prática:

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.


Alejandro López

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Leonel Dias - A caminho da intersubjetivação


Vocacional  Música 2013 – A caminho da ”intersubjetivação”


Em sua edição 2013 o projeto Música procura aliar as premissas do programa Vocacional e as experiências dos anos anteriores às demandas do momento, atualizando as práticas artístico-pedagógicas atraves da imcorporação dos materiais e métodos desenvolvidos tanto a partir dos registros e analises já concluidos como também das demandas sumariamente imediatas.
A possibilidade desse procedimento se deve a alguns fatores que contemplam a viabilização do diálogo entre os participantes do projeto. Pode-se destacar que no momento tornam-se fundamentais: uma visão atenta e sensível das demandas dos vocacionados, uma conceituação dos materiais trabalhados e a valoração da criação através da prática de referência coletiva, tudo culminando num processo que podemos chamar de intersubjetivação.
Nota-se que para a efetivação das trocas e a possibiliodade de interlocução entre as instâncias se torna necessário uma sistematização quanto ao registro dos processos, que ao mesmo tempo em que expõe a diversidade de formas e conteudos cria um canal direto e imediato de divulgação, análise e apreciação. Outorga-se assim aos “Ensaios de Pesquisa-Ação” uma função fundamental dentro da ação artístico-pedagógica.
O que na edição de 2012 poderia ser traduzido tanto como uma expressão individual ou particular agora passa a abranger uma atuação por meio da construção coletiva, primordial no trabalho, agregando a prática junto aos vocacionados com a elaboração do próprio material pedagógico.
O aspecto da coletivização passa a transcender os grupos e turmas de vocacionados em seus equipamentos e regiões de origem, pelo projeto como um todo, expandindo-se pela cidade.
Nesse processo os ensaios de cada artista-orientador ou coordenador são expostos como  “rascunhos” e discutidos pelas equips ao mesmo tempo em que são elaborados, o que inclui o intercâmbio, a apreciação e a avaliação dos procedimentos, combinando a proposição individual e seu desenrolar com o processo coletivo, potencializando todas as ações.
Nesse percurso abre-se a possibilidade da incorporação de diversos meios de expressão na apresentação dos ensaios, bem como uma flexibilização referente a cronogramas e obrigações pontuais.
Essa situação possibilita um alinhamento dos registros condizente com o  andamento dos processos, considerando e valorizando as condições de trabalho e suas particularidades, contemplando e justificando o mapeamento como ponto de partida da ação continua das turmas e grupos, culminando não exclusivamente com um resultado pragmático, mas principalmente com a opção de utilização  de  um material pedagógico sugerido na própria ação.
A eleição de um vocabulário plural, oriundo das propostas e práticas, contribui para a conceituação dos processos e fornece subsídios para a discussão embasada na realidade das ações. Para a efetivação dessa constante troca de informações e apreciação coletiva o projeto conta com instrumentais de comunicação que facilitam a identificação dos ensaios e possibilitam a visão do todo por todas as equipes, com suas particularidades e possibilidades, de uma forma prática e eficiente.
Por se tartar de uma possibilidade de ação coletiva concreta considera-se que no momento os materiais pedagógicos emergem das próprias ações, passando por processos de experimentação e recriação justamente através dos intercâmbios envolvendo o projeto como um todo. Podemos então afirmar que o Vocacional Música, considerando a realidade a partir do que foi acima apresentado, caminha no sentido de contemplar a intersujetivação em sua ação artêstico pedagógica.

Leonel G. Dias / Julho de 2013 

Egelson Lira - Paradigmas


                                                          Ensaio de pesquisa poético musical – AO Egelson lira

Paradigmas nas linguagens artísticas.
Inter- musicalidades , expressão diversidade em comunhão, inter-linguajar sonoros, inter - metaforalizantes.
Inter -vocalizamos nossos sentidos, inter- ingênuamente nos doamos ao extinto, nos vemos dentro e fora dele, mas nunca ausentes.
 Inter- musicalmente, diminuo o andamento, troco a harmonia e mudo o pulso, “alegro ma no tropo” revejo conceitos rítmicos, metáforas estão sempre presentes na linguagem musical.
Inter - locutando vozes sejamos , ouvidos, alados...
Inter - teleguiados serão muitos telêmacos nas odisséias dos dias amargos.
Inter- minimalismos se iniciam, e o reparar, continuar, ascender vão procriar.
Ao Inter – determinamos: qual? Quem? Reescreveu, e ele próprio o releu.
 Inter- teatralizamos o que não é atento, porque nunca se tenta, entre.
Inter-  visualizaremos , entre olhos retidos dentro e fora do mundo.
Inter – dançaremos, na inter – contemporaneidade do compasso eterno.
 binários e ternários se tornarão, sambas e boleros.
O inter – seminário metáforalizante sobe e desce escalas dissonantes, quase se torna melodia, se arrisca no cromatismo, quase chega à simetria, modula tonalizando, vários inter - tons.
 Inter- anti inseminadas semínimas são muitas, colcheias nem se fala, o compasso está quase inacabado.
Inter- melodiamos, inter- cantarolamos, lá, laia, laia, salve as onomatopéias.
Inter- vocacionamos vocações, inter- vertemos papéis.
Inter- eletrificamos potências, tudo é questão entre decibéis.
Inter- potencializamos as ausências, não presenças, sentiremos como ela nos sente: ausente.
Inter- despediremo-nos quando nos inter- encontrarmo-nos, quando já não formos inter- desplicentes, soando como intervalos dissonantes.
Inter- interpretando vozes estéreis, ás vezes seriais, outras vezes dodecafônicas, nos dividiremos em tons, micro tons.    
Inter quase sempre quer dizer “entre”.

Música como metáfora – Keith swanwick
Quero agora sustentar que, no entrosamento musical, o processo metafórico funciona em três níveis cumulativos.  Quando escutamos “notas” como se fossem “melodias”, soando como formas expressivas; quando escutamos formas expressivas assumirem novas relações, como se tivessem “vida própria” ; e quando essas novas formas parecem fundir-se com nossas experiências prévias.
Susane Langer , quando a música” informa a vida do sentimento.
No processo de criação junto aos vocacionados, a pesquisa se baseia nas metáforas sonoras, onde se procura por sons inusitados, sons cotidianos que ouvimos nas ruas ,por onde passamos, também nos silêncios que não nos deixamos ouvir, quando pedimos silencio, pausa para que entre uma improvisação.
 Um dos vocacionados diz: ta tudo desafinado! (penso comigo “ é que no peito dos vocacionados também bate um coração), uma canção que fica na memória onde tudo se recria.
Sobre forma e conteúdo- alguns violões entram fazendo a harmonia, conduzindo o andamento, as flautas doces tocam uma pequena escala natural, a percussão, marca o ritmo para entrada das vozes, a um repetição de todo o texto musical, para finalizar um improviso de violão, terminando todos juntos.
Música - Heitor vila lobos - trenzinho do caipira.
  Texto poético – Ferreira Gular
De alguma maneira essa pesquisa metaforiza a linguagem musical, assume muitas formas, reúne, aproxima, traz cidadania e vivência ações e processos de criação coletiva.

Marcus Simon no CEU Formosa


Programa Vocacional - Projeto Vocacional Música
Ensaio de Pesquisa
Artista Orientador: Marcus Henrique Simon
Data: 08/07/2013


As minhas orientações no CEU Formosa estão direcionadas principalmente à prática de conjunto de repertório de músicas brasileiras, a partir de músicas sugeridas pelos vocacionados e por mim. Trabalho também com a apreciação musical por meio da escuta de CDs trazidos pelos alunos e de exemplos musicais de áudio e vídeo que levo nas orientações. Discutimos e analisamos conjuntamente diversos aspectos musicais e estéticos, como forma musical, fórmula de compasso, instrumentação, estilo, performance, entre outros. Ouvimos músicas de estilos e artistas variados: Nirvana (rock grunge), Lelo Costa (vocacionado que compõe no estilo sertanejo/gospel), Radiohead (rock eletrônico) e Quinteto Amazonas (grupo de MPB do AO Marcus Simon). Exibi também o documentário “Hermeto Campeão”, sobre a vida e obra do músico Hermeto Pascoal. Além da escuta musical, desenvolvo dinâmicas de grupo com exercícios rítmicos, utilizando a percussão corporal e instrumentos de percussão. O intuito é trabalhar a noção de pulso e o entendimento dos ritmos em relação ao compasso e à pulsação. A improvisação e a memória rítmica também são estimuladas por meio de palmas, peito, pés, e outros timbres corporais, com ritmos simples de apenas um compasso.

As orientações são divididas em duas turmas (manhã e tarde), e contam atualmente com aproximadamente 15 participantes no total. Os vocacionados tocam violão, baixo, guitarra, bateria, teclado e percussão, e alguns se arriscam no canto. Possuem diferentes idades e níveis musicais, porém as referências e os gostos musicais entre os mais jovens são parecidos, indo de Milton Nascimento a Capital Inicial. Alguns possuem um gosto mais refinado e um nível musical acima da média em relação aos colegas. É o caso do vocacionado Guilherme, que aprendeu a tocar no violão a música “Travessia”, de Milton Nascimento, e “Quero me encontrar”, de Cartola; e do guitarrista Vinícius, que aprendeu a tocar com o pai músicas como “Carinhoso”, de Pixinguinha, “Bachianinha nº 1”, de Paulinho Nogueira, e “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo. A presença desses alunos incentivam e estimulam os outros participantes a estudarem música e a ouvirem estes compositores.

O encontro de gerações distintas também possibilita uma ampliação do repertório de todos numa troca de saberes. A música “Tocando em Frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira, sugerida pelo vocacionado compositor Lelo Costa, era desconhecida por alguns vocacionados adolescentes, até ser ensaiada e depois apresentada na Mostra do Vocacional no CEU Quinta do Sol e no Sarau do CEU Formosa. Esta música possibilitou a criação de um arranjo que tem como base dois ritmos do sul do Brasil e da Argentina, e que também eram novidades para os vocacionados: a chacarera e o chamamé. Estes ritmos trabalham com uma polirritmia de “3 pulsos contra 2 pulsos”, muito comum na musicalidade argentina e também africana. Em geral, a música de origem argentina, que veio a influenciar a do sul do Brasil, possui em sua estrutura rítmica acentuações que podem tanto ser entendidas como um compasso ternário simples (3 por 4) como um binário composto (6 por 8). Em espanhol é usado o termo “birritmia”, ou seja, um ritmo que pode ser escrito, executado e sentido tanto por uma determinada fórmula de compasso, quanto por outra. O que acontece na prática é que durante a música a melodia e o acompanhamento instrumental transitam entre subdivisões e acentuações binárias (3 por 4) e ternárias (6 por 8), criando um caráter ambíguo quanto à definição de métrica do compasso. O livro “Cajita de Música Argentina”[1], de Juan Falú, explica mais detalhadamente esse aspecto polirrítmico e traz informações históricas e musicais sobre os ritmos da música argentina.

Os vocacionados puderam experimentar na prática essa polirritmia, ao acompanharem a música “Tocando em Frente”, cantada e tocada ao violão pelo vocacionado Lelo. Pedi para baterem palmas em 3 pulsos, e pés em 2 pulsos, simultaneamente, e depois invertendo, palmas em 2, pés em 3. Para todos participarem da execução da música, criei uma frase rítmica simples para ser inserida no arranjo, tocada com palmas e baquetas, somada ao acompanhamento da bateria e da percussão. 

Pretendo continuar trabalhando com o repertório conhecido dos vocacionados, além de levar as minhas referências musicais de compositores que considero importantes da música brasileira e mundial. As orientações nesse estágio do Projeto estão muito voltadas para as apresentações nas Mostras. Os vocacionados ficam entusiasmados com o desafio de se apresentarem num palco, que é para muitos deles ainda um lugar desconfortável e, ao mesmo tempo, fascinante. No entanto, procuro conciliar aos ensaios  práticas de musicalização, apreciação musical e improvisação, além de conteúdos teóricos, que considero fundamentais para se adquirir melhor preparo e um amplo entendimento do fazer musical.

Como uma proposta de atividade de apreciação musical, farei um mapeamento das origens étnicas de cada vocacionado, e propor uma pesquisa na qual os vocacionados poderão discutir sobre a música dos povos de seus ancestrais. Serão exibidos alguns vídeos do Youtube com músicas tradicionais do folclore brasileiro, dos povos ligados à origem familiar dos vocacionados e de outros povos do mundo, como dos Pigmeus africanos, dos músicos do gamelão de Bali, e dos monges tibetanos, por exemplo. Cito abaixo alguns objetivos que tal atividade se propõe:

- Provocar a estranheza e a curiosidade do aluno pela música tradicional do Brasil e do mundo, a qual ele não está habituado a ouvir.

- Proporcionar aos participantes uma experiência musical auditiva e estética, por meio do repertório e de informações sobre a cultura e a musicalidade tradicional do Brasil e de outros povos do mundo.
- Ampliar o repertório musical dos alunos.

- Instigar a curiosidade e a pesquisa por tais expressões musicais, e estabelecer relações com o repertório conhecido dos alunos.

- Incentivar os alunos a frequentarem mais shows musicais, principalmente de artistas e grupos que buscam fazer uma música de qualidade, sem as padronizações estabelecidas pela indústria fonográfica e pela mídia de entretenimento.
- Estimular a escuta e a apreciação musical.

- Desenvolver a capacidade de discernir e identificar timbres e características de diferentes instrumentos e estilos musicais do mundo.

- Demonstrar as diversas funções possíveis que a música possui e a sua importância nas sociedades do mundo.

-  Desenvolver a compreensão da riqueza da diversidade cultural brasileira.

A partir dessa atividade poderei avaliar se é possível dar continuidade à pesquisa de músicas tradicionais do Brasil e do mundo e se há algum interesse dos vocacionados. Possuo um trabalho acadêmico de conclusão de curso de Licenciatura em Música intitulado “Oficina de Música Estranha - Musicalidades tradicionais do mundo: provocações para uma escuta sem preconceitos”. Este projeto apresenta uma pesquisa sobre a importância da etnomusicologia na educação e sobre diferentes expressões musicais tradicionais dos povos do mundo, além de uma série de atividades práticas relacionadas ao tema e de referências bibliográficas, de áudio e de vídeo de tais musicalidades. Planejo desenvolver algumas dessas atividades com os vocacionados, paralelamente às orientações e ensaios para as Mostras.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Pedagogias abertas no ensino de música (primeira parte)

Pedagogias abertas no ensino de música (primeira parte)

Equipamento: CEU Quinta do Sol
Artista Orientador: Alejandro López


Neste ensaio o relato central esta baseado na minha participação no XIX Seminário de Educadores Musicais do FLADEM (Fórum Latino-americano de educadores musicais) que foi realizado entre os dias 16 e 20 de setembro de 2013 em Montevidéu, Uruguai.
O tema central do seminário foi “Pedagogias abertas, mitos e realidades”.
Me parece que o nome do seminário foi muito bem colocado porque muitas vezes pensamos que estamos trabalhando com pedagogias abertas, mas na realidade estamos somente continuando modelos tradicionais que comprovadamente não funcionam.
No seminário foram apresentadas diversas propostas de práticas pedagógicas através de aulas demonstrativas, além de oficinas, debates e mesas de discução sobre vários assuntos relacionados com o ensino de música formal e não formal.

Um debate interessante foi o realizado sobre os processos pedagógicos utilizados nas orquestras juvenis nos seus diferentes formatos na América Latina. A discussão foi centrada sobre o modelo venezuelano de grande sucesso conhecido como “El Sistema”, um sistema de orquestras que envolve a participação de um grande número de profissionais e de jovens que podem iniciar e aperfeiçoar seus estudos musicais. O ponto central da discussão foi se este sistema representa realmente uma proposta renovadora com um vies original (latino-americano) ou se somente reproduz o modelo das orquestras europeias e se esse modelo contribui para o desenvolvimento de uma linguagem e uma autonomia artística novas na cena educativo-artística latino-americana.
Também foi abordada a questão de como essa realidade acontece aqui no Brasil, onde através da isencão fiscal, muitas empresas proporcionam uma iniciação musical à crianças e jovens, mas sem cuidar de maneira séria e crítica dos processos pedagógicos, preocupando-se com a quantidade em detrimento da qualidade.

Pude constatar o quanto é difícil levar à prática o conceito de pedagogia aberta e de educar para a liberdade pois nossos sistemas educacionais formais nunca deram espaço suficiente para esse tipo de prática e portanto, nós, os profissioanis, somos formados conhecendo pensamentos e teorias que falam sobre autonomia e liberdade artística, mas na prática adotamos, a maioria das vezes, posturas que reproduzem os mesmos modelos já estabelecidos
Foram compartilhadas algumas experiências do Projeto Guri, tido como uma das referências enquanto ao modelo proposto e os resultados obtidos.
Acho necessária numa próxima edição do seminário, uma participação mais ativa do Programa Vocacional Música, pois acredito que é uma experiência rica que pode aportar muito desde o ponto de vista conceitual e que também tem resultados práticos interessantes que valem a pena ser conhecidos no resto da America Latina, contribuindo para a formação de um pensamento crítico sobre a pedagogia musical adaptada à realidade latino-americana.



Algumas conclusões elaboradas foram: falta construir o conhecimento, saber como fazer e não simplesmente fazer. A pesar das nuances que cada realidade local apresenta, em geral, na America Latina é necessario observar e pesquisar mais profundamente os processos de aprendizado para conhecer melhor como o conhecimento é adquirido e consequentemente, desenvolver práticas pedagogicas apoiadas nesses processos.
Temos que educar para a liberdade e a autonomia. Este conceito vai de encontro com umas das minhas práticas no vocacional: tentar gerar o pensamento crítico nos vocacionados através da prática e não de um discurso conceitual. Não proponho nada revolucionario, simplesmente pequenas atitudes e ações que levam ao questionamento, como por exemplo, deixar que seja o vocacionado que proponha alguma música para trabalhar nas orientações. Este pequeno ato desperta o interesse pois a maioria não propõe e espera que seja o professor que traga o conhecimento e que fale o que é bom e o que é de menos qualidade para trabalhar. Quando um vocacionado traz uma proposta de música e esta é aceita pelo grupo e incluída no repertório, acredito que isso desperta algum processo interno, por mínimo que seja, e que remete a algum tipo de reflexão sobre ser propositivo, ter a iniciativa e sobre a autonomia.
Outro conceito central nestas reflexões foi o de que o professor ou educador esteja “musicalizado” e seja consciente da sua musicalidade para poder transmitir de maneira natural e efetiva a musicalização aos seus alunos  pois num processo pedagógico musical o centro e o principal deve ser a música. Relacionando este conceito com as práticas vivenciadas no Vocacional, acredito que estou no caminho certo, pois é sempre através da prática musical que eventualmente algum vocacionado reflete sobre aspectos como ser crítico ou reagir ao estabelecido pelo sistema como “verdade”. Embora esses processos possam ser lentos, não muito evidentes ou conscientes, acredito que deixam uma marca profunda em cada vocacionado. Citando a educadora musical Violeta Hemsy: “A inclusão musical é um direito”.
Estamos vivendo um momento de crise como sociedade, onde a arte encontra-se desvalorizada, portanto é fundamental que através da pedagogia artística tentemos resgatar alguns conceitos como o desenvolvimento de um pensamento crítico em relação à homogeneidade, ao consumismo, à massificação para ter acesso à igualdade de direitos e poder gerar processos educativos libertadores tanto para os alunos quanto para os professores.


Alejandro López Jericó

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

ensaio Voc.Dança Sul 2 "Açao Cultural de M'Boi Mirin

http://youtu.be/xbsYtD5h3Gc

Ensaio Vocacional Dança SUL2  http://youtu.be/xbsYtD5h3Gc
Título: "Ação Cultural Casa de Cultura de M´Boi Mirim", realizada  Equipe Sul 2 Vocacional Dança,
 dia 17 de Agosto de 2013.
Artistas Orientadores:
Wellerson Minuz (Leleco) - CEU Vila do Sol
Haysten Lenilson - Casa de Cultura M´Boi Mirim
Zeca Araujo - CEU Feitiço da Vila
Lina Gómez - CEU Guarapiranga

Coordenaçao equipe : Miriam Dascal

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Tempo Em Movimeto


Ontem...

Hoje...


TEMPO EM MOVIMENTO

Anos 70...
Um programa de televisão...
Diversão...
Pensamento...
Estilo de vida...
Jovens como eu ou você...
Corpo em movimento...
Uma era!

Este era o programa Soul Train nos Estados Unidos na década de 70 e 80...

Jovens americanos, de maioria negra, assistiam ininterruptamente a este programa de televisão, que era feito para eles e por eles, onde se reuniam artistas famosos do Soul & Funk tocando e cantando seus maiores sucessos... Não existia um público espectador, e sim, um público participante, que interagia dançando o tempo inteiro como em um baile. Dançavam tanto, tão bem e tão verdadeiros que acabaram se tornando uma das principais atrações do programa, além das bandas e cantores.

O programa marcou a história das Danças Urbanas no mundo e a história dos negros americanos. Era um movimento alegre e genuíno. A arte era parte da vida de cada um, música e dança.

2013... 
Uma outra geração...
Tecnologia...
Pressa...
Superficialidade...
Competição...
Informação fácil e banal...
Jovens como eu ou você...
Corpo em movimento...
Um momento...

O tempo passou, 
muita coisa mudou,
mas eu continuo sendo eu 
e você sendo você,
Corpo em movimento!

CEU Jambeiro

Nathalia Biavaschi Glitz
- Professora e coreógrafa
- Educadora física
- Produtora cultural

contato: (11)98492.08.82


Ensaio Programa Vocacional Dança AO Gisele Penafieri


Ensaio Programa Vocacional Dança 2013, 09, 19
Por Gisele Penafieri
Artista orientadora da Dança
CEU Agua Azul – equipe Leste3
Coordenadora Nininha Araujo

“ A partir de um movimento de qualquer coisa ou objeto, a arte está formada nas mais pequenas coisas, que nós não damos a mínima importância. O que eu acho muito legal é a sincronia do movimento que dá para a pessoa em conjunto da leveza no desenho.”
Vilma, 20/05/2013, vocacionada do CEU Água Azul.

Vou contar uma historia dentro desta historia toda.:

Quando eu tinha 14 anos, em meados de 1985, morava com minha irmã, mãe e pai recém-separados, num bairro perto, alguns chamam de periferia, que é o Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo, estudava no ‘verdão’, escola pública no Pq. Continental. Nesta época, por iniciativa de um professor de Física, o Aníbal Fonseca Figueiredo, um grupo de pessoas (lembro de alguns jovens, como eu lá, outros mais maduros, uns adultos), se encontravam no salão da escola, que tinha seus amplos portões públicos sempre abertos para a comunidade, e essas pessoas se encontravam para fazer Teatro! E nesta minha primeira experiência de encontro com  a arte cênica, com o lugar pra imaginação e a criatividade, se abriu um caminho que passo a passo, muitos tropeços e uns tantos saltos, me trouxe onde estou hoje, com minha arte que é meu trabalho, meu jeito de viver e compartilhar.
Hoje, 2013, com o inverso de 14 + 1, quase 2, sou uma Artista Orientadora do Programa Vocacional Dança, num lugar que me leva a este meu primeiro encontro, quando tudo começou!

E me desloco toda semana da Lapa, (bairro, que bem mais antigamente, já foi considerado uma periferia... a cidade era menor), em direção ao extremo leste da minha cidade grande, bem grande, uma outra cidade praticamente, a Cidade Tiradentes!

Vou lá ter encontros surpreendentes, empolgantes, frustrantes...diferentes composições de seres humanos com suas escolhas, identificações, desejos, simplicidades, profundidades, e nosso encontro se dá pela dança, de formas tantas vezes improvisadas, na busca de um jeito orgânico, - como eu aprendi com as ideias e práticas de Klauss Vianna, com seu filho Rainer e os discípulos com quem eu mantive contato entre 93 e 95, - assim vou encaminhando a dança de cada dia, os estados  que sugerem a realidade de cada “dramaturgia do encontro”,( conceito que desenvolve Melissa Panzutti, coordenadora de Teatro em seu ensaio para este programa na revista Vocare 2012, do qual participa e se envolve há mais de 10 anos).

E procuro aproveitar, lidando com os conflitos, a oportunidade de propiciar, provocar, convidar a uma situação estética de movimento, um movimento cênico, comunicativo, terapêutico, uma dança -teatro.

Os encontros inter-geracionais são de uma riqueza muito interessante, o encontro da diversidade na real! E me vejo em muitas situações, me reconheço nos vocacionados, no lugar do jovem buscando se reconhecer, achar seu lugar no caos; me reconheço também no lugar da mãe, esposa, trabalhadora, mulher, que lida com os tempos afim de cumprir sua missão de mulher maravilha, e ainda garantir 3 horas semanais para si mesma! Reconheço este lugar de importância na vida das pessoas que vivenciam este tipo de encontro que o Vocacional possibilita, e que é tão semelhante aos que eu tive quando tudo começou pra mim, e de certo que para muitos os encontros vocacionais são um começo, uma luz de referencias de novas possibilidades culturais na vida!

Viva a arte e a comunidade!

Gisele Penafieri