Ensaio
Programa Vocacional Dança 2013, 09, 19
Por
Gisele Penafieri
Artista
orientadora da Dança
CEU
Agua Azul – equipe Leste3
Coordenadora
Nininha Araujo
“ A
partir de um movimento de qualquer coisa ou objeto, a arte está formada nas
mais pequenas coisas, que nós não damos a mínima importância. O que eu acho
muito legal é a sincronia do movimento que dá para a pessoa em conjunto da
leveza no desenho.”
Vilma,
20/05/2013, vocacionada do CEU Água Azul.
Vou
contar uma historia dentro desta historia toda.:
Quando
eu tinha 14 anos, em meados de 1985, morava com minha irmã, mãe e pai
recém-separados, num bairro perto, alguns chamam de periferia, que é o Jaguaré,
na Zona Oeste de São Paulo, estudava no ‘verdão’, escola pública no Pq.
Continental. Nesta época, por iniciativa de um professor de Física, o Aníbal
Fonseca Figueiredo, um grupo de pessoas (lembro de alguns jovens, como eu lá,
outros mais maduros, uns adultos), se encontravam no salão da escola, que tinha
seus amplos portões públicos sempre abertos para a comunidade, e essas pessoas
se encontravam para fazer Teatro! E nesta minha primeira experiência de
encontro com a arte cênica, com o lugar
pra imaginação e a criatividade, se abriu um caminho que passo a passo, muitos
tropeços e uns tantos saltos, me trouxe onde estou hoje, com minha arte que é
meu trabalho, meu jeito de viver e compartilhar.
Hoje,
2013, com o inverso de 14 + 1, quase 2, sou uma Artista Orientadora do Programa
Vocacional Dança, num lugar que me leva a este meu primeiro encontro, quando
tudo começou!
E me
desloco toda semana da Lapa, (bairro, que bem mais antigamente, já foi
considerado uma periferia... a cidade era menor), em direção ao extremo leste
da minha cidade grande, bem grande, uma outra cidade praticamente, a Cidade
Tiradentes!
Vou lá
ter encontros surpreendentes, empolgantes, frustrantes...diferentes composições
de seres humanos com suas escolhas, identificações, desejos, simplicidades,
profundidades, e nosso encontro se dá pela dança, de formas tantas vezes
improvisadas, na busca de um jeito orgânico, - como eu aprendi com as ideias e
práticas de Klauss Vianna, com seu filho Rainer e os discípulos com quem eu
mantive contato entre 93 e 95, - assim vou encaminhando a dança de cada dia, os
estados que sugerem a realidade de cada
“dramaturgia do encontro”,( conceito que desenvolve Melissa Panzutti,
coordenadora de Teatro em seu ensaio para este programa na revista Vocare 2012,
do qual participa e se envolve há mais de 10 anos).
E procuro
aproveitar, lidando com os conflitos, a oportunidade de propiciar, provocar,
convidar a uma situação estética de movimento, um movimento cênico,
comunicativo, terapêutico, uma dança -teatro.
Os encontros
inter-geracionais são de uma riqueza muito interessante, o encontro da
diversidade na real! E me vejo em muitas situações, me reconheço nos
vocacionados, no lugar do jovem buscando se reconhecer, achar seu lugar no
caos; me reconheço também no lugar da mãe, esposa, trabalhadora, mulher, que
lida com os tempos afim de cumprir sua missão de mulher maravilha, e ainda
garantir 3 horas semanais para si mesma! Reconheço este lugar de importância na
vida das pessoas que vivenciam este tipo de encontro que o Vocacional
possibilita, e que é tão semelhante aos que eu tive quando tudo começou pra
mim, e de certo que para muitos os encontros vocacionais são um começo, uma luz
de referencias de novas possibilidades culturais na vida!
Viva a
arte e a comunidade!
Gisele
Penafieri
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