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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ensaio Programa Vocacional Dança AO Gisele Penafieri


Ensaio Programa Vocacional Dança 2013, 09, 19
Por Gisele Penafieri
Artista orientadora da Dança
CEU Agua Azul – equipe Leste3
Coordenadora Nininha Araujo

“ A partir de um movimento de qualquer coisa ou objeto, a arte está formada nas mais pequenas coisas, que nós não damos a mínima importância. O que eu acho muito legal é a sincronia do movimento que dá para a pessoa em conjunto da leveza no desenho.”
Vilma, 20/05/2013, vocacionada do CEU Água Azul.

Vou contar uma historia dentro desta historia toda.:

Quando eu tinha 14 anos, em meados de 1985, morava com minha irmã, mãe e pai recém-separados, num bairro perto, alguns chamam de periferia, que é o Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo, estudava no ‘verdão’, escola pública no Pq. Continental. Nesta época, por iniciativa de um professor de Física, o Aníbal Fonseca Figueiredo, um grupo de pessoas (lembro de alguns jovens, como eu lá, outros mais maduros, uns adultos), se encontravam no salão da escola, que tinha seus amplos portões públicos sempre abertos para a comunidade, e essas pessoas se encontravam para fazer Teatro! E nesta minha primeira experiência de encontro com  a arte cênica, com o lugar pra imaginação e a criatividade, se abriu um caminho que passo a passo, muitos tropeços e uns tantos saltos, me trouxe onde estou hoje, com minha arte que é meu trabalho, meu jeito de viver e compartilhar.
Hoje, 2013, com o inverso de 14 + 1, quase 2, sou uma Artista Orientadora do Programa Vocacional Dança, num lugar que me leva a este meu primeiro encontro, quando tudo começou!

E me desloco toda semana da Lapa, (bairro, que bem mais antigamente, já foi considerado uma periferia... a cidade era menor), em direção ao extremo leste da minha cidade grande, bem grande, uma outra cidade praticamente, a Cidade Tiradentes!

Vou lá ter encontros surpreendentes, empolgantes, frustrantes...diferentes composições de seres humanos com suas escolhas, identificações, desejos, simplicidades, profundidades, e nosso encontro se dá pela dança, de formas tantas vezes improvisadas, na busca de um jeito orgânico, - como eu aprendi com as ideias e práticas de Klauss Vianna, com seu filho Rainer e os discípulos com quem eu mantive contato entre 93 e 95, - assim vou encaminhando a dança de cada dia, os estados  que sugerem a realidade de cada “dramaturgia do encontro”,( conceito que desenvolve Melissa Panzutti, coordenadora de Teatro em seu ensaio para este programa na revista Vocare 2012, do qual participa e se envolve há mais de 10 anos).

E procuro aproveitar, lidando com os conflitos, a oportunidade de propiciar, provocar, convidar a uma situação estética de movimento, um movimento cênico, comunicativo, terapêutico, uma dança -teatro.

Os encontros inter-geracionais são de uma riqueza muito interessante, o encontro da diversidade na real! E me vejo em muitas situações, me reconheço nos vocacionados, no lugar do jovem buscando se reconhecer, achar seu lugar no caos; me reconheço também no lugar da mãe, esposa, trabalhadora, mulher, que lida com os tempos afim de cumprir sua missão de mulher maravilha, e ainda garantir 3 horas semanais para si mesma! Reconheço este lugar de importância na vida das pessoas que vivenciam este tipo de encontro que o Vocacional possibilita, e que é tão semelhante aos que eu tive quando tudo começou pra mim, e de certo que para muitos os encontros vocacionais são um começo, uma luz de referencias de novas possibilidades culturais na vida!

Viva a arte e a comunidade!

Gisele Penafieri





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