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sábado, 30 de novembro de 2013

Inspirar, Mobilizar, Irradiar



INSPIRAR, MOBILIZAR, IRRADIAR

Estamos de passagem nas vidas uns dos outros.
O que fica de nós é uma fagulha, uma chama, um sopro de inspiração.
E para inspirar nos basta um instante, um breve momento pode ser suficiente...


Inspiração!
Eis aí a grande mola propulsora neste ano de 2013. Essa palavra tomou lugar de destaque em minhas relações permeando as varias instâncias de minha vida. No que tange ao Programa Vocacional, inspirar e ser inspirada esteve intimamente ligado às dinâmicas de troca que foram construídas ao longo dos meses de trabalho gerando possibilidades de dialogo que irromperam os encontros de orientação e extrapolaram as ações culturais embrenhando por novos territórios.


Eu Artista Vocacionada
Um destes territórios se refere ao fato de que, este ano estive Artista Orientadora (CEU Pera Marmelo) e Artista Vocacionada (Galeria Olido, turma de terça-feira de manhã, orientados pelo AO Renato Vasconcelos) e esta dupla função me permitiu enxergar o programa através de um outro prisma, estranho, diferente e estimulante. Como Artista Vocacionada pude vivenciar o Programa Vocacional lá na ponta, na pele daquele que é a figura central do discurso do programa e descobri que as coisas são muito mais simples do que se imagina. Percebi que independentemente da linguagem, abordagem ou metodologia aplicada pelo AO nos seus encontros, muito do que conta para o Artista Vocacionado é a atenção dada a ele,  o ambiente de cooperação, coletividade e pertencimento que se cria, a combinação entre confiança e autonomia. Soma-se ai, dois fatores que pra mim são as bases fundamentais: a capacidade de inspirar e dar voz ao outro.

Reproduzo abaixo trecho de uma breve reflexão escrita por mim após a mostra de processo da qual participei como  artista vocacionada junto aos meus colegas da turma do vocacional dança da Galeria Olido, orientados pelo A.O. Renato Vasconcelos:

29.09.2013
"Eu vocacionada sou eu em experiência: desejo, desenho e beijo se mesclam no simples prazer do deleite. Sem saber direito onde pisar os passos se lançam e o corpo segue sôfrego, exausto, ativo, propositivo e receptivo. A grande vitrine me protege expondo o mais sincero de mim, o meu mais genuíno eu em movimento..."

"Tenho aproveitado o espaço do Vocacional Dança da Galeria Olido para aprofundar minhas pesquisas em torno da liberdade propositiva que reside no encadeamento de instruções as quais permitem o fluxo relacional estabelecido pelo jogo. Jogo no qual os jogadores somos eu, o outro, a arquitetura da sala, os transeuntes, o lado de lá e o lado de cá... Entre estranhamentos e identificações, as ações cênicas se contagiam mutuamente pelo seu potencial de mobilização coletiva. Vivenciamos trocas inusitadas, inesperadas, surpreendentes e cada vez mais consistentes no que se refere a plantar vontades e emergir desejos. Neste espaço-tempo vocaionaldancagaleriaolido, as diferenças se confluem para uma postura coletiva de descobertas intimas e pessoais, mas nunca individualistas."


Eu Artista Orientadora
Enquanto Artista Vocacionada pude refletir a todo instante sobre minha postura como Artista Orientadora, observando, analisando, e revendo meus passos, atitudes, proposições, ações e procedimentos. AO e AV estiveram juntas, uma dando espaço à outra, uma estimulando e provocando a outra, alimentando-se mutuamente.

Inegável dizer o quanto essa experiência reverberou em minha atuação como AO, e claro no amadurecimento do grupo Mulheres do Pera (o qual orientei) que alcançou uma autonomia digna da força dessas mulheres. Vê-se essa força refletida também nas conquistas em relação ao equipamento CEU Pera Marmelo.  

Junto a essa maturidade veio a constatação de uma realidade: nem todos são ou estão artistas vocacionados; nem todos estão dispostos a partilhar desta experiência em sua plenitude, com seus ônus e bônus. E o que fazer? Bem, neste ponto optamos por dar tempo ao tempo e crer com veemência na potencia da experiência em si, mesmo que seja de passagem, por um breve período de tempo,  e dar liberdade de escolha no que se refere aos caminhos a serem trilhados por cada um.


DivagAções
Dou me aqui a liberdade de dizer que, em matéria plantar vontades, plantamos e muitas. O Fórum de Dança, organizado pelo AO Edson Calheiros no CEU Pq. Anhanguera foi uma destas oportunidades que agarramos com unhas e dentes. Cada edição do Fórum era uma ótima surpresa. AOs de diferentes equipes foram até o CEU Pq. Anhanguera mostrar um pouco de sua visão sobre a dança, dividir seus conhecimentos com outros AOs e AVs de diferentes equipamentos. Neste ínterim as relações foram se estreitando e fomos todos nos inspirando uns aos outros, nos encantando uns com os outros.

E o quão potente tem sido as mostras e as trocas que elas mobilizam...  Mostra de processo dança com CEU Jaçanã, mostra coletiva dança e teatro Ceu Pera Marmelo... Mostra vocacional dança Olido e Mulheres do Pera...  e tantas mais.
Ver o trabalho do outro torna a conquista dele a minha  também. Ver a dança no corpo do outro me permite reconhecer-me como ser dançante.  Ver e ser artista criador.

Difícil dizer como ou quando as coisas começaram a se entrelaçar mas o fato é que rompemos os limites entre titulações, equipes, equipamentos...  gerando uma grande rede de criadores, fazedores, apreciadores e experienciadores de dança.  

No fim das contas,  tanto faz a sigla ou o nome que se dá - AO, AV, Coordenador - o cerne da questão reside em não se pautar por uma dualidade que se fixa em lugares opostos, que distancia e separa, não se ater à um lugar ou à outro, e sim abrir espaço para a permeabilidade, o diálogo, a interação, as trocas, a cooperação, a fluidez e o livre transito com o outro.


Vi emergirem,  diante de meus olhos,  desejos tão sinceros, tão genuínos...


ELENITA QUEIROZ
 25.11.2013

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