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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Mapeamento - AO Herbert Henrique - Vocacional Teatro/ Leste 3

São Paulo, 27 de Abril de 2013.

Mapeamento Herbert Henrique - CEU Agua Azul

Tentarei realizar a difícil tarefa de mapear as turmas a partir dos encontros até então vivenciados. Difícil, pois, diante de uma complexa cadeia de encontros, relações, anseios e olhares inerentes de uma coletividade, meu olhar é apenas uma possibilidade das múltiplas que eclodem de tal fenômeno, da qual capturo aquilo que me salta aos olhos e dessa constelação de fragmentos atribuo um sentido arbitrário. Tal inquietação não se refere apenas ao texto que traçarei, mas também a uma inquietação que me surge na condução das próprias turmas. Tentarei então eleger pontos que considero interessantes serem trazidos à tona.
Nesses primeiros encontros busquei criar uma zona de dialogo, amenizando ao máximo o poder de minha voz como condutor e possibilitando que os discursos e formas artísticas surgissem dos artistas vocacionados. As turmas são grandes com uma média de frequência em ambas de 25 pessoas sendo uma média de 10 frequentastes de ambas as turmas. Dentro dessa grande turma me atentei as particularidades dos participantes. A maioria participa pela primeira vez do programa vocacional. Desses alguns já participaram de cursos de teatro em ONGs da região, mas para a maioria é a primeira vez que participam de um curso de teatro. Também existem anseios distintos, alguns revelaram o objetivo de iniciar uma experiência visando seguir uma carreira em teatro. Outros possuem outros objetivos sem a pretensão de serem futuros profissionais. Diante dessa constelação me lanço à pergunta. Como fomentar um espaço que permita a coexistência dessas diferenças e singularidades?
Existem participantes de um grupo formado no ano passado pelo vocacional, o Grupo Os Moisés. Entre alguns participantes que frequentam os encontros Felipe é o mais presente e demonstra ser uma espécie de condutor do grupo. Busquei estabelecer contato na tentativa de retornar uma orientação. Segundo o Felipe o grupo diminuo de tamanho se mantendo em 7 pessoas. Por não terem um espaço para desenvolvimento das atividades e não saberem como continuar o processo de criação, os mesmos acabam desestimulados a continuar havendo em alguns momentos faltas nos encontros. Combinei uma visita futura ao encontro do grupo na tentativa de retomada de dialogo com o programa.
Anna Lygia, uma integrante do grupo Os Moisés, teve uma breve conversa comigo em particular, solicitando orientação em um processo dela que surgiu a partir da leitura do livro O Diário de Anne Frank. Ao falar sobre, ela apontou que era uma urgência dela, mesmo termo utilizado por Felipe ao explicar como surgiu o processo de seu grupo no ano passado. Percebo que o procedimento das urgências vivenciado ano passado continua reverberando nesses participantes.
Na maioria das criações realizadas nos encontros, percebo uma forte presença de conteúdos com criticas sociais. Manifestam-se também cenas que buscam maior abstração e experimentações estéticas formais. Nas rodas de discussões quase todos participam dão suas contribuições com a criação dos outros. Aqueles que já fizeram cursos de teatro veem carregados de um discurso já constituído como verdade das praticas teatrais que em alguns momentos acabam por constranger experimentações formais de outras naturezas. Nesses momentos tento intervir fomentando a ampliação desses olhares, fazendo com que olhem para essas outras formas que surgem como outras possibilidades estéticas.
Apesar dos encontros irem se constituindo aos poucos constantemente problematizo os procedimentos que venho empregando e me pergunto, será que esses dão conta de fato de abarcar esse coletivo, será necessária a criação de novos procedimentos que deem conta dos contornos singulares de cada coletivo? Até então de ambas as turmas existe uma predisposição a experimentação cênica e ao compartilhamento em roda. Mas também problematizo esse meu olhar, pois alguns pouco se colocam mais que a maioria em roda. A Pergunta que me faço quanto a isso é, seriam interessante fazer com que haja um equilíbrio nessas participações em roda ou existe outra dinâmica desses que não se colocam tanto e que deve ser descoberta?
Como atuação pretendo fomentar no espaço um ambiente que possibilite com que cada vez mais os artistas vocacionados se coloquem e que se permitam experimentar e ser influenciado pelas proposições dos demais. Quero com que cada vez mais eu vá me desprendendo do papel de condutor e que a própria turma assuma esse papel trazendo suas proposições e inquietações para o encontro, e estabeleçam com as criações uma relação de experimentação artística e não de reprodução de formas já estabelecidas. Para isso busco fomentar a reflexão em roda das dinâmicas vivenciadas e das criações apresentadas. Futuramente pretendo com que esses comecem a observar e criar procedimentos próprios e necessários para os encontros.

Vale também citar uma relação de atrito que existia com o equipamento. O primeiro encontro aconteceu em uma sala extremamente não propicia a realização das atividades. Havia o vazamento de sons de atividades externas, impossibilitando muitas vezes o dialogo em roda ou ouvir as falas nas criações de cenas. Também uma sala fria, oque deixava os exercícios de corpo a desejar. Em uma conversa com o coordenador do equipamento na tentativa de conseguir o espaço do teatro para a realização das atividades esse me revelou uma preocupação ocorrida em edições anteriores, da qual havia a depredação do espaço do teatro por parte dos artistas vocacionados. Diante disso busquei estabelecer uma relação de parceria com o espaço promovendo nas turmas dialogo sobre a utilização do espaço público e convidando o coordenador para ter uma fala sobre o assunto. Essa ação foi mais para reestabelecer a relação de confiança com o coordenador do espaço, já que até então a turmas se mostram compenetradas nas atividades não havendo dispersões ou descasos com a utilização do espaço.

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