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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Mapeamento - AO Guilherme Marback - Vocacional Teatro/ leste 3

MAPEAMENTO 

LESTE – Onde nasce o Sol. E quando o sol nasce acordo para ir ao CEU numa manhã sonolenta, engarrafada, muita gente muita gente nessa cidade. O contra fluxo às vezes parece fluxo. Os dois sentidos se confundem. Excesso de gente excesso de cidade. Metrô Trem Ônibus. Chegada e encontro com outras pessoas sonolentas. Poucos foram mais de uma vez nesses quatro primeiros encontros desta turma da manhã. A cada terça um novo pessoal. Já passaram mais de vinte pessoas, mas cada encontro não supera o número de 7 ou 8. Só no primeiro havia 12. Vamos acordando com os movimentos e a construção de partituras. Nada surpreende de imediato. Êpa! Há duas moças que ensinam a linguagem dos sinais. Isso é novo. Pode ser interessante. Mas elas foram embora. Só brilharam no primeiro dia. No penúltimo apareceu uma garota bacana com um defeito na perna. Ela dança e não tem limitações. Reflexão. O sono vai embora diante da realidade posta. Mas ela não voltou esta semana e não viu “O Garoto” de Chaplin. O cinema é mudo porque a cena é muda. Quando experimentaram falar não se sentiram bem. A mãe e filha, que não são mãe e filha de verdade, preferem não falar. Se comunicam por gestos olhares atitudes. A filha não vai poder voltar porque vai trabalhar. A mãe irá à busca de outra filha ou de outra cena. Mas ela escreveu escreveu bastante sobre a vida e conflitos delas. Vamos dar um jeito. E a turma flutuante tentará se impor nas manhãs sonolentas. Afinal isso é fruto de um sonho! O sonho de uma coordenadora de cultura que está indo embora, mas me confessou que sonhou com esse horário durante muitos anos. E conseguiu nos fazer ver o sol raiar no leste do metrô do trem do ônibus da multidão de trabalhadores anônimos que sofrem muito todos os dias. Ação Dramática!

SUL – Onde o buraco é mais embaixo. Já passou a hora do almoço? Uma e meia da tarde. Estamos todos espertos. Aqui sim existe um coletivo que quer desenvolver um projeto. Três grandes figuras do ano passado dão prazer de ver, porque estão num processo pleno de amadurecimento. E o mais velho tem apenas 15 anos. Mas há muita gente interessada. Outros jovens, mulheres e homens entre vinte e quarenta anos, mãe e filha essas de verdade... Heterogêneos e transgêneros! Há uma transexual na turma chamada Gabriela. Essa turma vem crescendo e já tem 28 frequentadores. E a maioria tem comparecido bastante animada por enquanto. Gabriela e uma amiga mulher ficaram meio esquisitas no último encontro. Só querem fazer cena. Durante um exercício de pesquisa de sons e gestos, ficaram sentadas emburradas, até que Gabriela me chamou e disse: “Professor, está chato! Quero fazer teatro!”. Essa deixa norteou o encontro até o fim. As perguntas surgiram: o que é teatro? O que difere a performance do teatro? O que é uma instalação? Todas as artes se relacionam? O que estamos buscando? A turma ferveu. Todos tinham alguma opinião. Foram para cena. Foi difícil e não teve o brilho da semana anterior quando se atiraram depois de um processo que partiu de um quadro vivo. Gabriela continuou no papel da mãe e agora também faz uma rainha na cena de outro grupo. Eles próprios chegaram à conclusão que precisam se organizar. Como? Ninguém sabe ainda.

NORTE – Onde queremos chegar. Será que há um ponto de chegada? O ponto de partida está no começo no meio ou no fim? É sempre uma incógnita. Sei que não sei. Sei que eles não sabem. Mas tenho buscado pontos de contato entre as diversas materialidades que vêm surgindo. Nada será jogado fora. Ou tudo será jogado fora se descobrirmos que norte é outro lá longe lá invisível lá inatingível...


OESTE – Onde o sol se põe. Ônibus Trem Metrô. O fluxo é contra, mas parece fluxo. A cidade cada vez mais cheia. Corredores lotados para passar de um trem pro outro. Exaustivo? O trabalhador com cara de cansaço volta apertado no trem ao lado superlotado. Eu já fui acordado duas vezes por funcionários da CPTM na Estação da Luz com o trem vazio. Ainda bem que a Estação da Luz é final de linha. Novo ano nova experiência. E sou o personagem central do sonho da querida coordenadora de cultura. Que ela possa expandir seu sonho matutino em outros lugares em outros CEUS quem sabe. É sem dúvida uma trama diabólica!

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