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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Algumas práticas de criação nas orientações

Ensaio - Julho 2013
Algumas práticas de criação nas orientações
Artista Orientador: Alejandro López

Vou me referir alguns exercícios de criação e composição realizados nas orientações da turma do CEU Quinta do Sol. Comentarei sobre quatro exercícios que mostram diferentes caminhos enquanto aos critérios para criar ou compor música. Os exercícios vão desde a intuição e o processo de se deixar levar “pelo ouvido”, até a compreensão de algumas “regras” da teoria musical e a tentativa de aplica-las nos exercícios, o que certamente deixa o processo mais complicado e menos “livre”.
O primeiro exemplo é uma música composta pela vocacionada Cristina de15 anos de idade. A jovem é naturalmente musical, possui bom ouvido e é afinada. Nos primeiros encontros mostrei a ela dois acordes no violão e falei da simetria que existe no instrumento o que permite tocar vários acordes com a mesma posição da mão e mudando de lugar no braço do violão.
Por outro lado, ela aprendeu um fragmento de uma música de Maria Gadú onde uma mesma posição era repetida em diferentes alturas no violão. Ela também se mostrou interessada nos processos de composição de uma melodia e eu falei sobre o procedimento de movimentos contrários onde se uma linha dos acordes é ascendente pode-se utilizar uma linha contrária (descendente) na melodia.
Poucos dias depois ela apareceu numa orientação com uma música composta onde aplica os princípios da simetria e dos movimentos contrários com os poucos recursos que tinha no violão.  O resultado é interessante se levamos em consideração que a adolescente não tinha nenhuma experiência previa com violão e que o tempo que transcorreu entre o primeiro contato com o instrumento e a composição da música foi de um mês aproximadamente.
Faixa 1: Cristina tocando um fragmento da música da Maria Gadú
Faixa 2: Fragmento da composição criada por Cristina.

O próximo relato é a respeito da improvisação. A vocacionada Elen de 30 anos leva uma escaleta nas orientações e dado o caráter melódico do instrumento, desde o começo das práticas musicais eu sugeri que ela tocasse pequenas melodias ou frases nos arranjos que iam sendo montados para cada música.
A os poucos fui sugerindo que ela improvisasse livremente nas músicas e falei que a única regra que devíamos respeitar era a de tocar notas que estivessem dentro da tonalidade da música que estava sendo interpretada.
A primeira tentativa de improvisação foi com a música “Faz parte do meu show” do Cazuza. Nesta música existe uma pequena frase que é tocada no meio da música, eu sugeri que com as mesmas notas tocadas na frase, Elen improvisasse no final da música, tocando as mesmas notas, mas com uma rítmica diferente. Também propus que o mesmo procedimento fosse feito com a voz, repetindo as palavras “meu amor” do final da letra da música.
Na faixa participa a vocacionada Vitória Elizabeth tentando um improviso vocal no final. O resultado é tímido, mas é um começo dentro do difícil universo da improvisação
Faixa 3: “Faz parte do meu show” Elen (escaleta) e Vitória Elizabeth (voz).
Finalmente falarei de dois exercícios onde as regras propostas aumentaram. Nas últimas orientações falei da sequencia de graus e acordes que se formam a partir de uma escala maior e depois de repetir e decorar o procedimento algumas vezes, tentamos passar por várias tonalidades. Logo depois pedi para que cada grupo criasse uma melodia sobre os acordes trabalhados.
A sequencia trabalhada foi a II – V – I e as tonalidades nas quais devia ser tocada a sequencia eram Dó Maior, Ré Maior e Lá Maior.
O primeiro grupo criou uma melodia com letra. O segundo grupo criou uma melodia com duas partes bem diferenciadas
Faixa 4: Primeiro grupo tocando a sequencia II – V – I e cantando uma melodia criada por eles.
Faixa 5: Segundo grupo tocando e cantando uma melodia com parte A e B.
Esses foram quatro dos vários resultados que obtive quando propus exercícios de criação, improvisação e composição. É um procedimento que venho realizando à um mês e meio aproximadamente. As gravações mostradas são uma pequena janela de um universo bem maior que surge a cada orientação e que por tanto merece um aprofundamento e uma continuação que pretendo realizar em próximos ensaios.

Alejandro López Jericó.

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