Mayki Fabiani
A proposta de eixo norteador para o ensaio de pesquisa escolhido por
nossa equipe foi: “Desafios, dificuldades
e possibilidades de interação entre vocacionados em diferentes níveis de
aprendizado”.
A escolha desse norte se deu na observação de que o Programa Vocacional
recebe os vocacionados em diferentes níveis culturais, diferentes interesses
musicais, ampla gama de idade (de 14 anos a 60 anos, quando não mais idade) e
na questão de como trabalhar com todos esses vocacionados, com perfis
diferentes.
Nossa equipe atua na região leste nos equipamentos: CEU Curuça, CEU
Sapopemba, Biblioteca Cora-Coralina e Centro Cultural Tiradentes. Cada um
desses equipamentos possui características distintas, O CEU Sapopemba assim
como o CEU Curuça acolhe o Programa Vocacional há alguns anos, isso faz com que
o trabalho do ano anterior seja continuado nesse ano. A Biblioteca
Cora-Coralina recebeu o Programa ano passado, e o Centro Cultural Tiradentes
recebeu o Programa nesse ano de 2013, os prédios desses equipamentos são
diferentes e as salas utilizadas pelo Vocacional também são diferentes.
Iniciamos as atividades em abril, e com número considerável de
vocacionados, e pelo que já foi exposto, tudo parece girar em torno das
diferenças: a estrutura física entre os equipamentos, o número de Vocacionados,
a idade desses Vocacionados, o interesse musical de cada um, etc.
Então o que fazer com tamanha diversidade?
Utilizamos na equipe o livro de Ana Mae Barbosa “o olhar em construção”, o
texto vai de acordo com a reflexão do ensino/aprendizagem construídos a partir
do: ver, observar, sentir, fazer,
expressar e refletir.
O proposto acima não é uma bula para a interação dos Vocacionados,
contudo uma linha mais sensível da atuação do Artista Orientador, Ana Mae trata
de arte e não de música, o trabalho da autora citada é a resultante de uma
pesquisa na escola de ensino fundamental de 1ª. a 4ª. série, mas os paralelos
que podemos fazer o Programa Vocacional Música são muitos. Ao Artista
Orientador cabe o ver e observar, para que entenda as
necessidades do seu grupo, e se espera que esse Artista ajude o vocacionado a sentir, a fazer, a se expressar e a
refletir sobre todo o processo.
Dessa perspectiva prática diminuímos a distância entre os vocacionados,
notei que o A.O. Ricardo Cardim (CEU Sapopemba), diminuiu a problemática da
idade e do interesse musical com atividades rítmicas na qual todos os
vocacionados executavam as tarefas e depois refletiam sobre o exercício feito.
O A.O. Daniel Dias (biblioteca Cora Coralina) fez uma atividade com poesias,
extraindo desses textos os ritmos e fazendo com que seus vocacionados criassem
melodias a partir desse ritmo. É interessante o fato de que os dois Artistas
Orientadores citados sentiram a necessidade de trabalharem com o ritmo como uma
ferramenta pedagógica, um com um exercício de percussão corporal e outro com o
apoio da palavra. O resultado em ambos é satisfatório, eles partiram da
sensibilidade em observar o que o vocacionado necessitava em sua formação, e o
que o seria interessante para o grupo, percebi que nos dois casos relatados os
vocacionados ficaram satisfeitos com as atividades propostas.
É fundamental que o Artista Orientado pense num projeto
artístico-pedagógico e consiga diminuir as distâncias entre os vocacionados, lembrando
que muitos casos o Programa Vocacional Música trabalha com iniciação musical,
primeiros acordes no violão, primeiras reflexões sobre o cantar, primeiras
iniciativas composicionais. Esse projeto artístico-pedagógico deve abarcar a
ênfase na prática e na reflexão a partir da vivência e da necessidade artística
de cada vocacionado.
Referências bibliográficas.
BUORO,
Anamelia Bueno. O olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte
na escola. São Paulo: Cortez, 2003.
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