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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

III Mapeamento. AO Herbert Henrique. Vocacional Teatro/ Leste 3.

04/06/2013
3º Mapeamento - Herbert Hnerique - CEU Água Azul

Como disparo, nos primeiros encontros o movimento que busquei foi instaurar a construção da relação dos AVs com o espaço e as suas múltiplas vozes. O espaço na esfera individual, que é o espaço de minha subjetivação, meus discursos, minhas vozes. O espaço na esfera coletiva, que é o espaço de dialogo com os outros, onde seja possível todos colocarem suas vozes. Nesse processo me deparei com uma relação de poder constituída entre a figura dos Artistas Vocacionados e do Artista Orientador. Esses viam na figura do orientador um professor que traria seu conhecimento e os vocacionados o executariam. Essa relação apaziguava as vozes dos AVs constrangendo a possibilidade de colocarem suas formas, seus imaginários, seus anseios e desejos. Visto isso o processo foi o de suavização dessa figura de poder do Artista Orientador, e a construção de uma nova relação que possibilitasse a eclosão dos diversos discursos presentes dos Artistas Vocacionados.

Percebi nesse movimento a construção da disponibilidade de dialogo dos AVs e o surgimento de diferentes formas e discursos nas criações e discussões. Mesmo havendo o surgimento dessas outras formas, existe presente na região um imaginário de uma forma única de se fazer teatro que se manifestava nos discursos dos AVs. A forma do teatro do palco italiano, da construção de personagem, um teatro textocêntrico.  De fato essa é uma forma de se fazer teatro, mas oque me chamava atenção é que esses viam essa como a única forma de se fazer, apesar de nos encontros surgirem formas singulares potentes e provocativas. Esse imaginário constrangia o espaço construído anteriormente da experimentação de outras possibilidades formais e discursivas, sendo que as cenas em dado momento acabavam se tornando a exposição das habilidades do AV que estava em busca de aprovação do coletivo, ao invés de ser um espaço de experimentação, de formas diferentes, que comportasse o erro, o diferente, etc.

Nesse momento o processo é o de ampliação de possibilidades formais e discursivas. Pretendo deslocar a percepção do que seja teatro do produto final para o processo. Outro deslocamento é espacial do palco para outros espaços, fomentando com que nesses busquem outras soluções para além das conhecidas, ampliando a percepção de outras possibilidades formais.  

Processo de construção de relação com o Equipamento

No processo de construção da relação com o espaço, acidentalmente me deparei com outra esfera, a da instituição CEU e a utilização do espaço público. A sala que ocorreu o primeiro encontro não era propicia ao desenvolvimento da atividade, e ao solicitar o teatro, os coordenadores me lançaram uma preocupação. Em edições anteriores quando os encontros eram no teatro ocorria a depredação do mesmo por parte dos artistas vocacionados. Por outro lado, os próprios artistas vocacionados também manifestavam uma insatisfação revelando a falta de disposição para o dialogo da gestão do equipamento e que aquela sala os desestimulavam, oque fazia inclusive em edições passadas desistirem no meio do processo.

Nesse imprevisto configurou-se outra esfera de construção da relação com o espaço, a de apropriação do próprio equipamento/espaço público para a realização de ações artísticas e culturais. Por parte dos artistas vocacionados busquei um dialogo no sentido de construirmos conjuntamente a relação de utilização de um espaço público, estabelecendo acordos de corresponsabilidade no zelo pelo mesmo. Nas turmas percebi que muitos estavam dispostos a colaborar. Mesmo assim, em alguns casos isolados ocorria certo descaso análogo ao ocorrido em escolas publicas. Observando mais atentamente essas ações vi que elas vinham de uma falta de compreensão do que seja um espaço público acompanhada do sentimento de exclusão social do individuo, que não se achava pertencente a aquele espaço. Visando subverter essa relação busquei novamente estabelecer um dialogo nesse sentido, oque possibilitou nesses indivíduos estabelecer essa outra relação, a de zelo.


Como ação seguinte convidei os coordenadores e a gestora do CEU para um encontro de dialogo com os Artistas Vocacionados.  Eles se mostram dispostos e no dia da visita desses ao encontro eclodiram muitas perguntas e questionamentos dos Artistas Vocacionados sobre a utilização do equipamento e a manifestação do desejo de ocupação do CEU para a realização de atividades culturais junto à comunidade. Ambos, coordenadores, gestor e Artistas Vocacionados demostraram interesse em promover tais ações, oque mobiliza as turmas atualmente em organizar um encontro aberto onde seja possível compartilhar suas materialidades artísticas e processos com a comunidade.

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