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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

UM ENCONTRO ENTRE LINGUAGENS ENTRE SERES ENTRE MUNDOS - Gabriela Hess

VOCACIONAL 2013
CEU PARQUE BRISTOL


A NOSSA PESQUISA:
UM ENCONTRO ENTRE LINGUAGENS ENTRE SERES ENTRE MUNDOS.
O QUE EXISTE ENTRE?
O OLHAR DE CADA UM , UM PONTO DE VISTA, UM DEPOIMENTO
UM?
SOMOS UM?
QUEM SOMOS?

Atualmente estamos debruçados sobre a nossa Jam e suas várias linguagens:
-teatro,hip hop, grafite,dança,música,poesia, etc.
E para ela escolhemos um tema que surgiu de improvisações; a PAZ.
Eu confesso que quando apareceu esse desejo me senti um pouco constrangida por achar que poderia ser piegas demais, porém logo em seguida o nosso país viveu toda uma movimentação muito importante política e socialmente falando com a temática acima.
E aí percebemos que fazia mesmo sentido, os acontecimentos das manifestações tem permeado os nossos encontros, em improvisações criadas; e  no momento  percebo que estamos colhendo um fruto de uma pesquisa anterior, a primeira de todas.
Nos primeiros encontros lembro que pedi a todos que preparassem uma cena para expressar o seguinte tema:
Quem sou eu? Algo que cada um sentisse vontade de compartilhar no intuito de mostrar um pouco de si.
Esse dia foi muito marcante e cheio de descobertas, desde talentos como o canto, o violão, as flautas indígenas, o palhaço, os desenhos, a culinária, política, composições ,estudo do tupi-guarany,dança...
E foi aí que nasceu a vontade de vivenciar com eles uma experiência de trocas de todas essas habilidades em uma festiva JAM.
A festa entra por estarmos inaugurando um novo tempo no CEU, a gestão mudou e com isso os coordenadores de cultura também, o que já trouxe para mim um ar mais “puro” e intocado,deixando o meu olhar e percepções a respeito de tudo e todos mais disponível e curioso, alegre e esperançoso,pois o que encontrei até agora está distante das discrições que havia escutado por meus companheiros de equipe,algumas inclusive sobre a violência dentro do equipamento, mais uma vez o tema PAZ significa-se em suas inúmeras “coincidências” até o momento.

Observando tudo o que aconteceu até agora e traçando um fio invisível entre esses acontecimentos desde histórias que escutei, pessoas que encontrei, cenas que vi, etc.
Encontro uma suave palheta de cores que se misturam e começam a se fundir em nossos passeios ao teatro onde as duas turmas passam a se conhecer para juntas poderem realizar a JAM, além de frequentarmos também a turma de dança onde estamos nos apoiando e somando esforços e dedicação para expandirmos  as nossas ações no equipamento e fora dele.
O desejo /necessidade de uma maior divulgação se fez presente e a dança e o teatro se uniram para tal, além de estarmos encabeçando o projeto da JAM juntos.
Com isso, alguns vocacionados se tornaram comuns,nos aproximando ainda mais.
A escuta tem sido bastante marcante nesse processo, uma escuta fina e sincera acerca de sensações pessoais que venho experimentando ao atravessar a cidade para me encontrar com esses seres que por sua vez também estão disponíveis a escutar mais a voz que vem de seus corações entrando por vezes em conflito ao terem de largar os encontros por conta de empregos,que não necessariamente façam realmente sentido, aliás a busca do sentido da vida tem nos cercado em nossas indagações pessoais e coletivas,tanto é que o material colhido a partir das cenas/depoimento indicam uma busca da verdade pessoal e social.
OS APARECIDOS/ TEMAS:
-A ocupação do nosso tempo.
( Tempo perdido)
 FRASES DITAS:
...ocupamos o nosso tempo com atividades como:escola,trabalho,cursos,etc.
Porém sentimos “as vezes” que o tempo está passando e que não estamos aproveitando a nossa vida!...
ÓCIO
...ser um cidadão pensante que modifica a sociedade...
UTOPIAS
...não deixe de acreditar em seus sonhos...

O ENCONTRO...
A sensação vivenciada por nós em alguns dias foi de uma profunda leveza e PAZ interior, o depoimento foi dado e de fato aconteceu .
Conversamos a respeito do projeto vocacional, e a importância desse momento de “pausa”no cotidiano para refletirmos a nossa existência.Um local de investigação e expansão da nossa consciência para potencializarmos a “força” de transformação em nossas vidas.
Encontrar novas posturas perante a vida.
UM DESEJO COMUM AO NOSSO COLETIVO.
Tornar a vida dionisíaca;
Assistimos um vídeo sobre Dioniso.
Dionisiaco
termo utilizado por Nietzche derivado do deus Dioniso.deus da embriaguez,da inspiração e do entusiasmo,para designar a vontade de potencia,cujo enfraquecimento podemos encontrar na massa de rebanho.
A vontade de potencia é a pulsão fundamental da vida.
Contra a moral do pecado,precisamos querer viver,declara Nietzche, pois é o “instinto” que representa o poder criador da vida. Ao combater a transcendência,defende a ideia de que o homem deve ser ultrapassado num esforço de criação pessoal. Donde a necessidade de uma transmutação dos valores morais de bem e mal.

ENTUSIASMO
Estado de excitação alegre (delírio) por que passam alguns indivíduos  (sacerdotes,poetas,músicos e filósofos em sua busca da verdade). Tomados por uma possessão divina (mística) “transportando”
seus  espíritos acima das preocupações humanas.

EROS
Para Freud que se refere ao deus grego do Amor,Eros designa as pulsões de vida e de autoconservação, cuja energia potencial,essencialmente de caráter sexual (não genital  é constituído pela libido, regida pelo principio do prazer. Por oposição a Eros ,Thánatos designa as pulsões de morte que se traduzem,tanto por uma tendência a auto destruição quanto por uma agressividade dirigida para o exterior.


Assistimos juntos :
O Ritual – Samir Yazbek
Ulisses Molly Bloom
Lampiao e Lancelote

E assim seguimos nos encontrando e nos reencontrando desestabilizando as certezas e cheios de incertezas  continuamos .
Gabriela
Junho de 2013


ENSAIO
CEU PARQUE BRISTOL 2013

ROTAS : Infinitas a percorrer, largadas e abandonadas, recriadas e animadas
O caminho, o desejo, o tédio , o ato criativo, a fuga, o local, o encontro, o motivo.

Qual e o sentido de tudo isso?
Existe ainda um sentido para mim?
O quanto estou burocratizando demais algo que precisa de frescor?
É possível estar receptivo de fato?
Na relação AO vocacionado, AO e equipe, AO e equipamento?
Onde a rota me levou a algum lugar?
Onde a rota me desvia?
Onde estou?
Por onde vou?
Estou sozinha?
Quem vem ?
Tem alguém aí?
Ainda quero?

ROTA – ATOR

Sou contratada para ser artista orientadora de teatro, o teatro é muito importante ele é um veículo  potente ,mas sinceramente não sei se o que ando fazendo é teatro.
Ao refletir sobre tudo o que nos moveu até hoje percebo muita distancia entre o começo e o agora, no início tínhamos promessas de uma rota a caminhar que nos levou a realização da Jam,mas agora isso tudo já se transformou em outras necessidades como por exemplo a vontade que todos tem de montar uma peça.
O momento é de leituras, onde o texto serve como materialidade para uma investigação mais profunda sobre o que queremos juntos.
Bom, querer fazer uma montagem é natural, partindo da ideia  que todos tem a respeito do fazer teatral.
Porém, para nós orientadores pode ser uma grande armadilha, essa rota deve ser percorrida com olhar de investigação e desapego para usufruirmos do eterno estado de pesquisa.
Ao percorrer esses cinco meses de projeto , identifico em mim uma inquietude em relação a tudo.

A ROTA COTIDIANA
Eu pego o metro da Vila Madalena, vou até a estação Paraiso, pego o metro sentido Jabaquara e chego na estação Saúde.
Lá entro em um ônibus chamado Vila Moraes.
Esse caminho está se desgastando, a repetição sistemática do trajeto se esgota e o meu interesse em estar vivenciando  isso duas vezes na semana se transforma.

A ROTA DA CRIAÇÃO
Viajar duas vezes na semana me coloca em um lugar de questionamento :
-Qual o sentido desse meu ato?
A artista sonhadora e aventureira que sempre acreditou ser possível mudar o mundo ainda vive em mim.
Por mais estranho que pareça, acho um ato de coragem se colocar a disposição desses encontros.
Mas atualmente questiono o quanto de fato estou conseguindo me alimentar dessa experiência e o quanto não.
Um discurso decorado de vida, onde a postura enquanto AO é a de incentivar a descoberstas novas,o quanto tenho feito isso na minha própria vida?
Pois escutar o meu instinto e olhar investigativo não me levaria a estar percorrendo a rota repetitiva do caminho que me leva ao CEU Parque Bristol, pois a paisagem de fato não me interessa.
O que me salva?
Os encontros humanos, as vezes sinto alívio em saber que encontrarei  eles, os vocacionados...
E por eles resignifico o que já está desgastado.
Afinal, existe hoje em dia um lugar de conflito interno.

A ROTA DA LIBERDADE

É contraditório incentivar uma revolução interior em todos os aspectos na vida dos vocacionados, e ir encontra-los achando tedioso percorrer o trajeto por exemplo, o quanto estou vivenciando a liberdade que “prego”?
Ou investigo verdadeiramente essa nova forma de vivenciar a experiencia
Quando digo isso me refiro ao fato de encontrar pessoas que estão buscando uma forma de trazer sentido as suas vidas, e o teatro acaba sendo um pretexto para que falemos de vida!
Não me refiro a fazer terapias, mas inevitavelmente acabamos nos deparando com as pessoalidades e elas acabam sendo muito importantes, afinal o material de trabalho é o ser humano.
Assim sendo creio que para fazer teatro é necessário que cada um conheça melhor o seu instrumento.
O corpo, a respiração, a voz, a emoção, a mente e a alma que clama por autenticidade.
Muitos que chegaram vieram com esse desejo.

Agora preciso respirar e continuar ...
Eu já volto.

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