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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Transcriação Sonhos de Einstein - Filipe Brancalião

CEU Caminho do Mar

Ensaio-Transcriação Sonhos de Einstein - Filipe Brancalião

19 de agosto de 2013

É uma manhã fria de agosto e caiu a primeira folha da árvore que cobre a janela. Um homem vestindo um longo casaco de couro está na sacada de seu sobrado paulistano observando o deslizar das nuvens e a rua tranquila logo a sua frente.

A leste ele pode ouvir uma movimentada avenida, com seus caminhões carregados de suprimentos para toda a cidade e, a oeste, um emaranhado de prédios caracteriza um centro comercial. Mas o homem não está olhando nem a leste nem a oeste.  Ele está com os olhos fixos em um pequeno chapéu vermelho deixado sobre a calçada e está pensando. Deve ir adiante? Suas mãos agarram as grades de metal, soltam-na, agarram-na novamente. Deve ir adiante? Como seguir adiante? Quem seguirá adiante?

Decide não seguir adiante. Os riscos são muito grandes, a escuridão indecifrável e as incertezas insuperáveis. Sua vida poderia perder-se ainda mais.  E além do que, quem disse que a escuridão interessa a alguém? Em vez diz, ele decide manter as coisas sob controle. Não arrisca propostas mais ousadas, não se lança no abismo e coloca todos a serviço de seus saberes previamente construídos. Às noites, visita a sala de aula como quem visita as páginas de um livro, reproduz um tanto das indicações dos grandes mestres e instaura um processo pacato e insosso. Joga o jogo como quem faz amor muito lentamente, com prazer mas sem paixão

Tudo corre tranquilamente,...

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