A. O. VERONICA MELLO - TENDAL DA LAPA - TEATRO
DE ONDE VIM E PARA ONDE FUI...
ASSIM COMECEI:
ensaiando pensamentos
teatro vocacional tendal da lapa a.o. veronica mello
Entre mim e meus processos
de inquietação
o que me liga ao que sou agora?
se tudo é passageiro, não se aprofunda, não se doa, não se
cola?
o que me define como quem sou?
o eu? o outro? o que vejo e sinto?
hoje não posso escrever. minha melancolia não permite a
razão, o discurso organizado.
vomito então. pulso. pulsão: somos doentes de nós mesmos?
somos aprisionados a padrões estéticos, sociais, desejosos de formas e cimento.
o cimento tenta aprisionar o que se é. ou gostaria de ser. um corpo nu é mais
libertário, libertino, liberado do que aquele que se veste e se arma de
verdades alheias. meu corpo nu se pronuncia dentro de minha roupa. traz à tona
o que escondo.
hoje estou perdida. Elena. hoje a vida ganha um novo sentido
com a morte. hoje eu me defino em perdas. hoje eu não consigo escrever. vomito.
melancolicamente retomo o pensamento sobre mim. depois de tudo o que vivi nesta semana. o
tempo se dilatou. semana longa. difícil descrever. onde está o desejo deles. o
meu, pulsa embaixo de minha roupa. acho que devo despir-me também. aqui estou.
precisando ficar nua. olhar as coisas sem suas máscaras. talvez seja possível.
morrer mais uma vez.
vomito. onde está o desejo deles? lugar de passagem. onde
estão os vínculos? onde nos encontramos e nos completamos? vazio. o espaço
ficou grande demais. esperam demais de mim... será que posso alcançá-los?
desnudá-los. enxergá-los como seriam se morressem. Elena. toca no fundo de
minha melancolia. e eles? se tocam? porque não criam ligações reais? existe
algo ali. existe um pulso... quase moribundo, mas pulsa. o mundo está
moribundo. eles resistem. os que ficam, voltam transbordam possibilidades. mas eles
sabem disso?
poucos pulsaram juntos. arriscaram-se ao abismo de não saber
o que viria. tensos, mas inquietos. pulsam. será que eles sabem? o corpo parece
saber que desejam mais do que a continuidade do tempo quotidiano.
uns desejam ser grupo, coletivo. outros desejam se tratar
das travas, timidez. outros querem a fama. risadas. rs. engasgo. se você matar
sua mãe vai se tornar famosa!!!!!! grito calmamente por dentro.
diz Aurélio:
Reputação, conceito; renome, celebridade.
prá que ele disse isso? penso em celebrar mais que
celebridade. penso em puta e ação, mais do que reputação. vomito.
eles desejam algo. portanto voltam. mas o que? o que querem
gritar? o que eles engolem? porque não vomitam? às vezes tenho vontade de
forçar o vômito. mas espero. espero que percebam que precisam vomitar algo. não
sei o que. não sei como. mas precisam. EU preciso. e o faço. às vezes menos do
que gostaria. a rouquidão me impede de fazê-lo. o esgotamento dificulta a ação.
mas acabo sempre achando um tempo. mesmo ele sendo assim tão cruel, impiedoso e
rápido. eu preciso achar esse tempo.
dos grupos pulsos mais fortes. desejos desenhados. de onde
vieram? como tomam forma? como sobreviver a tudo isso? à modernidade que não se
vincula, ao amor e ao tempo de Bauman?
é possível mudar algo de fato? revolução? eles pulsam o
ideal. mas não sabem ainda como se organizar. a arte pode ser revolucionária,
terrorista, comendo pelas bordas? como?
a melancolia diminuiu. ficam palavras. vômito. o tempo
parece ter estendido esta semana.
GRITEI. E PASSEI POR DIVERSAS TRANSFORMAÇÕES. DELÍRIOS ESTÉTICOS. OCUPAMOS O TENDAL DA LAPA. DELÍRIOS POLÍTICOS. TRANSFORMANDO O QUE SE DESEJAVA EM AÇÃO.
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