Tipos de Perturbação – Gabriela Flores – maio de 2013 – teatro vocacional – centro-oeste
(ensaio/procedimento/início
da aventura/dispositivos para o encontro de pesquisação com os aós)
23:40
Muita
Coisa por onde
Começar seria bom
Enquanto escrevo aqui, a ponta do passado cola ao futuro,
Vem vindo a onda... Eu vou ela vem... O antes do abraço.
Pausa
O teatro é forte! - eu
digo a mim mesma.
Sim! Respondo a mim mesma! Mas o que isso significa?
Seremos felizes se chegarmos ao Teatro! Ele é forte! Sim, ele
é forte!
23:43
Assisti a um espetáculo ontem; e noutra curva de tempo atuei
numa montagem deste mesmo texto! Que texto lindo! Reencontrei o texto, a
palavra do texto texto que dança no espaço, texto ‘lá parolé lá parolé’. A palavra. Fez-me vir até aqui e escrever. Agora,
tudo gira em torno desta PALAVRA-tema-mantra-anzol:OBSCESSÃO.SSSSSilêncio. Não
não , não pensa nada não, não tire conclusões precipitadas, eu juro que estou
tentando, eu juro que estou tentando, estou tentando, estou. Mesmo! Não é?
Agora
Ficaremos em roda, juntos, olhando para nossas próprias mãos,
durante algum tempo em seguida iremos lentamente passar uma das mãos na palma
da outra mão e passar a outra mão na palma lentamente depois podemos bater as
palmas das mãos provocando sons aplausos tapas aplausos carinhos chocalhos
percussão e digo estou aqui presente sim estou presente eu digo você me vê?
Quando olha para mim o que você vê? Eu digo eu te vejo! Eu te observo! Posso
até te amar! Eu digo estou aqui e vejo você! Eu vejo você! Eu digo posso ficar
aqui e te ajudar a preparar algo! Posso? Posso ficar?
Som de aplausos
Rá, semana que vem começaremos o encontro nos aplaudindo.
Por que agora as peças sugerem o não aplauso? Outro dia, na saída
do teatro, em direção ao metrô, não resisti, precisava daquilo, comecei a
aplaudir! Eu e minhas palmas, e a rua. Foi bom, deixei a água escorrer! Sim, eles
ainda serviram cerveja serviram cerveja serviram cerveja e e e e fiquei
morrendo de vontade de fazer xixi a peça inteira. O som da palma é tão bonito!
Vamos aplaudir! Eu gostei da peça, eu gostei muito da peça, caralho eu gosto de
ir ao teatro. É sério, eu não sofro! Eu sinto prazer! (som de aplausos) o som
do xixi também! É um som contínuo bonito, e as palmas? Vamos aplaudir? É
bonito, sim! Som contínuo! Som cortado! Eu sinto assim bonito e forte! Sim todo
esse trabalho! Esse nosso trabalho! Para mim é forte! Forte como percussão!
Pele estirada! Pele para soar! Soar! Forte como riacho, fonte, cachoeira, som
de água no mato que não para, sabe? Contínuo. Não cessa!
Chega disso?
00:00
Zero hora. Zero pensamento. Zero intenção. Zero expectativa. Zero.
Meu peito se enche de ar. O zero é cheio de ar?
E para cantar e ter uma boa sustentação é preciso pouco ar.
Quanto mais vazio de ar, mais extensão tem meu som. Olha:
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
A letra minúscula quer aqui indicar suavidade. Você sente,
escuta, vê a suavidade do som contínuo?
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
O músico, o maestro também, dá o tom, a nota inicial, por
onde dançará toda a melodia, o compasso, a harmonia. Entende? Você escutou a
música que entoou? A tua música? Então
agora te pregunto: qual foi tua nota inicial, teu tom? Qual o tom? Do passo, do
compasso, da voz, o tom da marca, da mancha, da pegada, qual o tom? Entende? É
papo reto?
O som cortado é ritmo, é pulsação. É o que acorda! O contínuo
diz estou aqui, te vejo, estou aqui com você.
Assim contínuo e cortado! Xixi e palma! Necessidade e desejo.
A letra pode ir assim da esquerda para direita, mas meu
pensamento não vai assim da esquerda para direita, então? O pensamento quer
dançar no papel! Como? O pensamento dança?
Vou tentar fazer o pensamento dançar num som contínuo bem
bonito quer ver?
Letras míudas que
exigem debruçar do corpo atento
Letra de música uma música para cantar junto é ler junto
cantar junto comer e beber algo junto e juntos cada um escrever um pouco de
algo sobre aquilo que estamos querendo fazer dançar em nossos pensamentos.
Me vejo no
que vejo
Como entrar por meus olhos
Em um olho mais límpido
Me olha o que eu olho
É minha criação
Isto que vejo
Perceber é conceber
Águas de pensamentos Sou a criatura do que vejo
Como entrar por meus olhos
Em um olho mais límpido
Me olha o que eu olho
É minha criação
Isto que vejo
Perceber é conceber
Águas de pensamentos Sou a criatura do que vejo
Silêncio
Sim eu vou organizar a aventura
Aventura leitura
Ana Hatherly não esqueça
A aventura do desenho da escrita numa dança do pensamento no
papel num som contínuo bem bonito
Você vê você lê você escuta
Talvez encontre Teatro. Talvez não. Mas teatro nem sempre
resulta teatro. Faz-se com xixi e palmas, com ritmo e presença, com necessidade
e desejo. Com estar aqui. Estou aqui. Te vejo.
00:18
Paro por aqui por agora
Para não esquecer: selecionar trechos da escrita de si, Foucault
e digitar em pedacinhos de papel com letras bem miúdas. Poemas de Ana Hatherly
para inspiração. Leitura atenta. Depois leitura visual dos poemas. Som
contínuo. Som cortado. Registro de autoria. Enunciado: trata-se, não de perseguir o indizível, não de revelar o que está
oculto, mas, pelo contrário, de captar o já dito; reunir aquilo que se pôde
ouvir ou ler, e isto com uma finalidade que não é nada menos que a constituição
de si.
Eles escrevem. Música. Por fim, exposição dos poemas
inventados. Bem bonito! Aplausos. Parece que o teatro vem! Ele vem, ele é
forte!
Pedir para postarem o texto inicial a partir de palavras que
lhe vieram a mente depois do primeiro encontro, lembra?
Cada ensaio tem sua visualidade e sua sonoridade
Ensaio visual, ensaio da palavra, ensaio sonoro.
Parece que o teatro vem! Ele vem, ele é forte!
E hoje é dia do trabalho.
01:02
Ensaio sonoro/visual acesse:
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